
A senadora Eliziane Gama (MA), líder da bancada do Cidadania, novo nome do PPS, criticou a ordem de Bolsonaro de comemorar o golpe de 1964, afirmando ser “lamentável” o chefe do executivo “elogiar ditaduras de todos os tipos, incluindo a de Pinochet, no Chile, uma das mais sangrentas no continente”.
“Tão fora do tempo e de lógica, que o próprio presidente do Chile, Sebastian Piñera, considerou “infelizes” as frases de Bolsonaro”, disse.
“É estranho que, enquanto cicatrizes históricas começam a se fechar, o presidente Jair Bolsonaro tente reavivar no país a glorificação do golpe militar de 1964, que gerou muitas dores entre nossa gente”, afirmou a senadora, em artigo publicado no portal Poder360.
A líder do Cidadania no Senado ressaltou que as “Forças Armadas brasileiras devem ser reconhecidas por seus atos de bravura e de construção da nacionalidade”.
“São alguns deles: o momento em que brasileiros expulsaram os holandeses de nosso território; a defesa da integridade territorial; o papel de Marechal Rondon, que espalhou o telégrafo por pontos inóspitos da nossa pátria e protegeu por princípio nossas comunidades indígenas; a participação ao lado das forças livres do mundo contra o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial; as brigadas que constroem estradas, pontes, defendem o nosso meio ambiente e são protagonistas diante de desastres naturais”, citou a senadora.
“Querer cultuar e vincular nossas valorosas Forças Armadas ao arbítrio é apostar na sua desmoralização, é gerar preconceitos e dividir os brasileiros”, advertiu.
Eliziane Gama lembrou que a aprovação da Anistia, instituída pela Lei 6.683 de 28 de agosto de 1979, após uma ampla mobilização da sociedade, e a Constituição de 1988 foram passos importantes para “o reencontro de toda a sociedade brasileira, tendo a democracia como fiadora”.
“Sem se esquecer do passado, o Brasil abriu nesse período novos cenários, liberou esperanças, permitiu e vem permitindo que várias correntes do pensamento possam ir às urnas buscar apoio e força para seus projetos nacionais”, disse.
A senadora observou que Bolsonaro foi eleito pelo regime democrático e o que se espera dele é “que seja digno da democracia. E lembremos sempre, a história é implacável com quem a distorce e a manipula”.