Outras três barragens da Vale em Minas Gerais entraram em alerta máximo para o risco de rompimento na noite de quarta-feira (27). A alteração do nível para “risco eminente de rompimento” ocorreu dois meses depois da tragédia ocorrida após o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que deixou 216 mortos e 88 desaparecidos.
Estão prestes a romper a barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, localizada no distrito de Macacos, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, e as barragens Forquilhas 1 e 3, na cidade de Ouro Preto. As três barragens de rejeitos de minério foram construídas com estrutura a montante, o mesmo modelo que desabou em Brumadinho e em Mariana, em novembro de 2015.
Em Nova Lima, as sirenes de alerta de rompimento foram ativadas por volta das 23 horas e a população da cidade ficou em pânico. Esta é a segunda vez que o alerta de risco de rompimento é acionado. Em fevereiro, cerca de 500 moradores das áreas consideradas de alto-impacto foram retirados de suas casas.
A mensagem causou horror nos moradores. As principais reclamações dos moradores foram sobre o horário do aviso, em um momento que a maioria das pessoas já está dormindo.
A alteração do nível de rompimento da barragem foi feita pela Agência Nacional de Mineração (ANM), que emitiu o alerta por conta do fator de segurança de drenagem não ter sido atingido. Chegar ao nível 3 significa o risco de ruptura iminente ou em andamento, segundo a ANM.
De acordo com o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, a mancha de inundação em Ouro Preto só está presente na zona rural da cidade e, portanto, não atingiria de imediato a parte urbana do município.
As barragens estão com monitoramento 24 horas. Tatiana Sansi, líder comunitária de Macacos, disse que a situação é “super complicada” e que as pessoas estão em pânico. A Vale não está dando assistência para a comunidade. Tem gente passando fome, necessidades básicas estão sendo negadas”, afirmou.
A Defesa Civil deverá promover treinamentos na Zona de Segurança Secundária (ZSS) nos próximos dias. Isto inclui Honório Bicalho, também distrito de Nova Lima, e a cidade de Raposos, na Grande BH. No total, 5,2 mil pessoas vivem na ZSS, que está logo após a Zona de Autossalvamento (ZAS), aquela imediatamente atingida em caso de colapso.
OURO PRETO
As barragens Forquilha I e III, da Vale, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, também passaram para o nível três de risco de rompimento na noite desta quarta-feira (27). As sirenes também foram acionadas de forma preventiva.
O rompimento das barragens Forquilha I e III pode ser gravíssimo. Juntas elas possuem cerca de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério. Em Brumadinho, a barragem que se rompeu possuía cerca de 11 milhões de metros cúbicos.
Os moradores da região, que poderia ser atingida em um eventual rompimento destas duas barragens, saíram de casa no dia 20 de fevereiro deste ano. De acordo com a Vale, não serão necessárias novas evacuações.
As estruturas ficam na Mina de Fábrica. Segundo a Defesa Civil, os moradores de Itabirito, vizinha a Ouro Preto, que estão em uma zona secundária, devem ser treinados para uma situação de rompimento. Os rejeitos chegariam na cidade em cerca de uma hora e meia.
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