Grileiro também é acusado pelo assassinato de três funcionários da sua fazenda
Apontado como o mandante da morte da liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Dilma Ferreira Silva, o grileiro Fernando Ferreira Rosa Filho, foi preso nesta semana. A força-tarefa da Polícia Civil confirmou que ele também seria o responsável pelo massacre ocorrido dois dias depois (24), do casal de caseiros e do tratorista de sua fazenda que, de acordo com a polícia, estariam insatisfeitos com o não-cumprimento de seus direitos trabalhistas.
No dia 24, três corpos carbonizados foram encontrados em uma fazenda localizada nas imediações da zona rural, próximo ao assentamento Salvador Allende, onde aconteceu o primeiro massacre. As vítimas foram Marlete da Silva Oliveira e Raimundo de Jesus Ferreira, caseiros da fazenda, e Venilson Da Silva Santos, tratorista da propriedade.
De acordo com as investigações, o assassinato de Dilma Ferreira Silva teve requinte de crueldade. Ela, o marido Claudionor e o vizinho Milton foram esfaqueados e amordaçados. Além de degolada, há uma suspeita de que a ativista também tenha sido estuprada. O Instituto Médico Legal (IML) de Tucuruí informou que o laudo dos assassinatos deverá sair em até 30 dias.
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O motivo pelo qual o grileiro Rosa Filho encomendou a morte da ativista Dilma não está definitivamente esclarecido pela polícia. Testemunhas ouvidas pela Amazônia Real no assentamento Salvador Allende apontaram o interesse pelas terras do assentamento como possível motivo para os assassinatos premeditados.
Fernandinho Shalom, como é conhecido o fazendeiro, é acusado de vários crimes na região Sudeste do Pará, tais como: envolvimento com tráfico de drogas, agiotagem, receptação, roubo a banco, homicídio e tentativa de homicídio, e grilagem de terras.
Ainda de acordo com a polícia e segundo os depoimentos coletados, ele não gostava da “vizinhança” e do fato de parte do assentamento estar em terras que ele dizia serem dele. Isso teria motivado a ordem de assassinar Dilma, seu esposo e o amigo deles.
No caso do segundo massacre, de acordo com as testemunhas, os três funcionários da sua fazenda não estavam satisfeitos por não terem seus direitos trabalhistas respeitados, o que poderia vir a ser reclamado judicialmente.
De acordo com a polícia, há ainda a denúncia de que o acusado estaria construindo uma pista de pouso clandestina para aeronaves de traficantes de drogas, na fazendo palco do segundo massacre, e por isso, talvez não quisesse ser incomodado por ninguém, muito menos por vizinhos ligados a movimentos sociais e funcionários insatisfeitos.
A prisão temporária (por 30 dias) do fazendeiro Fernando Rosa Filho foi decretada pelo juiz Weber Lacerda Gonçalves, da Comarca de Baião (PA). Ele expediu ainda mandados para as prisões dos irmãos Alan, Cosme Francisco, Glaucimar e Marlon Alves, que estariam no grupo de seis pessoas que beberam no bar do mercadinho da ativista na noite do crime. Eles seriam os autores dos assassinatos no assentamento Salvador Allende e na fazenda de Rosa Filho.
O ACUSADO
A Polícia Civil do Pará disse que Fernando Ferreira Rosa Filho, também conhecido como “Fernandinho Shalom”, foi preso em Tucuruí. Ele é proprietário de imóveis rurais, hotéis e supermercados na região de Novo Repartimento, no sudeste do estado do Pará. Natural de Marabá, ele cumpre a prisão temporária, por 30 dias, no Centro de Recuperação Regional de Tucuruí.
O nome de “Shalom” consta ainda no site da Justiça do Pará, na denúncia do homicídio contra três pessoas, pela Comarca de Novo Repartimento, também no Pará. Os nomes das vítimas estão em segredo de justiça e o crime aconteceu em 2017.
Dos quatro irmãos Alves, Cosme, Glaucimar e Marlon também respondem processos por crime de homicídio na Justiça do Pará, executados entre os anos de 2010 e 2013. Marlon é atualmente foragido da justiça.
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