E Jack, o Estripador era um filantropo que cuidava das almas das prostitutas de Londres, guiando-as para o Céu.
C.L.
P.S.: Muitos outros órgãos de comunicação, a começar pela Rede Globo, já explicaram que o nazismo, que assolou a Alemanha e o mundo entre 1933 e 1945, até ser derrotado pelo Exército Vermelho em Moscou, Stalingrado, Kursk e Berlim – e, em outros campos de batalha, por todos os aliados, entre os quais o Brasil – foi a mais ensandecida manifestação da direita que já houve no Planeta.
Bolsonaro sabe disso. Tanto sabe que, há menos de um ano, disse, com indisfarçável orgulho que “o meu bisavô foi soldado de Hitler… ele perdeu um braço, inclusive, na guerra”.
Diante do espanto do entrevistador (“seu bisavô !?“), ele acrescentou, com seu trato torturante do idioma pátrio:
“Qual o problema ? A minha família são de alemães e italianos…”
Nessa entrevista, Bolsonaro disse mais, sobre a questão:
“Profissionalmente, ele [Hitler] foi um grande estrategista… quando você tem um general, aqui no Brasil ou em qualquer exército do mundo, aquele general tem que estar pronto para aniquilar outro país, destruir outro país, para defender o seu povo.”
Hitler invadiu a Tcheco-Eslováquia, Áustria, Polônia, Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Iugoslávia, Grécia, Albânia, Bielorrússia, Estônia, Hungria, Rússia, Itália, Letônia, Lituânia, Ucrânia, Líbia, Egito.
Nenhum desses países ameaçou, em nada, a Alemanha.
Mas Bolsonaro diz que Hitler invadiu e destruiu esses países “para defender o seu povo”.
O que é, precisamente, a versão dos nazistas, repetida 80 anos após sua desmoralização completa.
Hitler, também, instalou uma rede de 49 campos de concentração e extermínio em toda a Europa. Somente em Auschwitz, na Polônia, foram assassinadas 1 milhão e 500 mil pessoas.
Deve ter sido, segundo disse Bolsonaro, “para defender o seu povo”.
Porém, Bolsonaro disse ainda mais, nessa entrevista:
“… tem que entender o que aconteceu naquela época… eles tinham um plano de dominar o mundo e impor a sua raça. Os vencedores em batalha impõem as suas vontades… e o Hitler queria impor as suas vontades. Lógico que hoje em dia não admitiria… naquela época era outra história… tanto é que um homem apenas queria aquilo e todos aderiram na Alemanha.”
Portanto, não houve ditadura também na Alemanha.
Apenas, “todos aderiram” a Hitler.
Entretanto, na terça-feira, Bolsonaro afirmou, em Israel, que “não há dúvida” que o nazismo era “um movimento de esquerda”.
Logo, ele deve ter “aderido” à esquerda, já que demonstrou tanta adstringência ao hitlerismo.
Bolsonaro disse isso quando lhe perguntaram se o seu chanceler, conhecido pela imbecilidade, estava com a razão nessa questão.
A origem dessa estupidez é a extrema direita dos EUA – aqueles sujeitos que babam na gravata e arrancam os pelos quando lembram, por exemplo, do perigoso comunista Nelson Rockefeller.
De lá, a idiotice foi copiada pelo astrólogo – e “filósofo online”, como diz o Estadão – Olavo de Carvalho e repetida por seu fâmulo Ernesto Araújo.
Bolsonaro, portanto, estava repetindo o fâmulo do plagiário Olavo de Carvalho.
Algo, em que, inclusive, não acredita: não por acaso demonstrou tanta admiração por Hitler, nessa entrevista tão recente.
Não nos alongaremos mais, pois, desde os israelenses até os jornais brasileiros (todos) já falaram dessa questão.
Esta nota é apenas para apontar o parentesco entre essa idiotice sobre o nazismo e outras ideias (ideias?) ou bizarrices bolsonaristas.
Embora, como acabamos de ver, a estupidez de Bolsonaro não exclui, pelo contrário, a mentira consciente, por mais absurda que seja, quando o desequilibrado acha que lhe convém.
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