O governo Bolsonaro decidiu entregar 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) para a multinacional francesa Engie. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (5).
A TAG é uma subsidiária integral da Petrobrás e estratégica para o país. Com uma capacidade contratada de movimentação de cerca de 75 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, possui 4,5 mil Km de extensão, garantindo o transporte do gás natural da região de Urucu para várias cidades da Região Norte, além de garantir o transporte de gás natural das bacias de Campos (RJ) e de Santos (SP) para a Região Nordeste.
Em 2015, com o “plano de desinvestimentos” e “parcerias” com as multinacionais, implementados pelo governo Dilma/Temer, a malha de 9.500 Km de gasodutos de Norte a Sul do país, termelétricas e terminais de GNL, construída pela Petrobrás, entrou na lista dos ativos que seriam privatizados. A TAG foi desmembrada em Sudeste e Nordeste para melhor entregá-la aos estrangeiros.
Em abril de 2017, a malha de gasoduto do Sudeste (Nova Transportadora Sudeste – NTS) foi privatizada por R$ 6,279 bilhões para um Fundo de Investimento em Participações (FIP) liderado pela Brookfield Infrastructure Partners (BIP).
Em carta à Petrobrás no mesmo ano, a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) alertava sobre o prejuízo bilionário da Petrobrás com a venda do gasoduto Sudeste (NTS). Em apenas um trimestre foi gasto com o aluguel dos próprios gasodutos um valor de aproximadamente 1/6 (um sexto) do efetivamente recebido na venda da NTS, ou seja, todo o valor recebido pela venda da NTS terá sido pago em aluguéis em apenas 18 meses.
Segundo a Petrobrás, a multinacional francesa Engie, assessorada pelo CitiBank, deverá pagar US$ 8,6 bilhões (cerca de R$ 33 bilhões) pelo gasoduto TAG que atende o Norte e Nordeste. A AEPET estima que “o valor presente líquido das despesas da Petrobrás decorrentes da venda de 90% do controle acionário da TAG poderá ser de US$ 12,44 bilhões, em razão dos pagamentos relativos a contratos de transporte de gás natural”. http://www.aepet.org.br/w3/index.php/2017-03-29-20-29-03/cartas-da-aepet/item/2965-avaliacao-da-iniciativa-de-privatizacao-da-transportadora-associada-de-gas-s-a-tag
“SONHO”
O escolhido por Bolsonaro para promover o desmonte da estatal, Roberto Castello Branco, declarou no mês passado que “a Petrobrás privatizada seria o meu sonho“. E completou: “já que não podemos privatizar, nem temos mandato para isso, vamos transformar a Petrobrás no mais próximo possível em uma empresa privada“, de preferência estrangeira.