O volume de vendas do comércio varejista ficou estagnado em fevereiro na comparação com janeiro. O resultado de 0,0% leva o setor a um patamar 6,6% abaixo do nível recorde alcançado em 2014. Os dados foram divulgados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (09).
O mais preocupante da pesquisa foi o resultado das vendas de hiper e supermercados, que caíram -0,7% em fevereiro sobre janeiro. O segmento responde por 48,4% do total do varejo (em volume) e sua queda é um sintoma de que as famílias estão consumindo menos produtos de primeira necessidade – como alimentos e produtos de higiene pessoal.
De acordo com a gerente da pesquisa de comércio do IBGE, Isabella Nunes, os preços dos alimentos para o consumo no domicílio tiveram um aumento de 1,24% em fevereiro, o que contribuiu para o recuo. Mas ainda é a conjuntura econômica que mantém o mercado de trabalho degradado e a renda baixa e congelada que tem maior influência nos resultados do varejo em geral e, por consequência, nas vendas do segmento de supermercados.
São 13,1 milhões de desempregados no trimestre encerrado em fevereiro. E 27,9 milhões no subemprego, segundo dados do IBGE.
“A própria geração de empregos no mercado de trabalho vem se dando por um volume maior de empregos informais, que têm um valor (de salário) inferior ao do emprego formal e menos benefícios, o que também traz alguma limitação para o consumo”, destacou Isabella.
Por setor, as vendas de combustíveis e lubrificantes (-0,9%), móveis e eletrodomésticos (-0,3%) e equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-3,0%) foram outras contribuições negativas para o quadro de estagnação.
Frente a fevereiro de 2018, o comércio registrou crescimento de 3,9% – número que é atribuído ao “efeito calendário” já que fevereiro teve dois dias úteis a mais em 2019 por conta do carnaval de março.
VAREJO AMPLIADO CAI 0,8%
Os dados do varejo ampliado (que considera a atividade de comércio de material de construção e veículos também) caíram -0,8% no mesmo período ante janeiro.
O resultado reduziu grande parte do aumento de 1% do varejo ampliado registrado no mês anterior. Nesta comparação, o volume de vendas de veículos, motos, parte e peças caiu 0,9% em fevereiro; enquanto as vendas de material de construção caíram 0,3%.
PRISCILA CASALE