O ato “Mulheres Unidas em Defesa da Aposentadoria” lotou o Auditório Nereu Ramos e mais dois plenários na Câmara dos Deputados, na quinta-feira (10), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, que trata da Reforma da Previdência.
O ato foi organizado pela liderança da Minoria na Câmara dos Deputados, deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ), em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e da Frente Parlamentar em Defesa do Direito da Mulher e contou com a presença de deputadas do PCdoB, PSB, PT, Rede, PSDB, PSOL, Pros, DEM e PP, alem de representantes da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), da União Brasileira de Mulheres (UBM) e da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), das Centrais Sindicais (ver no final da matéria), sindicatos, entidades da sociedade civil e lideranças femininas de diversas regiões do país.
A líder da minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou que a reforma é mais um ato violento contra as mulheres, visto que “as mulheres já têm uma vida laboral diferenciada, que representam quase a metade das pessoas do mundo do trabalho que não têm sua carteira de trabalho assinada e sofrem com a discriminação de salários, com a dupla jornada de trabalho e com a falta de creche”.
“Se essa reforma é ruim para os homens, ela é pior para as mulheres. As mulheres são as primeiras e as grandes excluídas do sistema previdenciário. É uma reforma misógina, excludente, ela discrimina principalmente as mulheres negras e mulheres pobres. Essa reforma é contra os pobres deste país”, disse a líder da Minoria.
A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), única do seu partido a declarar oposição à reforma, declarou que a luta conta a PEC “é suprapartidária”. “Precisamos estar juntas e aguerridas contra essa reforma que só propaga informações falsas. Do meu partido, sou a única que já se posicionou contra essa reforma que só preza por privilégios daqueles que já têm. Mas estamos trabalhando para que essa reforma não passe”, destacou Nelma.
A presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Gláucia Morelli, destacou que as mulheres vão bater na porta de cada parlamentar, até dos deputados do PSL, para convencê-los a dizer não para reforma da Previdência. “Nós que geramos a vida somos acusadas pelo governo de ser uma das culpadas do déficit, por vivermos mais. Nós vivemos mais sim, porém nós trabalhamos mais, nos dedicamos mais”, destacou.
Gláucia afirmou que o déficit da previdência que o governo alega não existe, “os deputados têm que acabar com a DRU (Desvinculação de Receita da União). Se tivesse déficit o governo não arrancaria do sistema de prevenção social todos os anos 30% das receitas da Previdência Social” denunciou.
Para a deputada Celina Leão (PP-DF), “todas as leis que protegeram as mulheres estão sendo rasgadas na reforma”. “Precisamos sim de uma reforma diferenciada. Nesse ato, não estamos falando de partidos políticos, estamos falando da mulher rural, das professoras. Um país onde não se valoriza o professor, vai se valorizar o quê? Se eles querem votar a Previdência temos que deixar claro que alguns pontos são inflexíveis. E o direito das mulheres é um deles”, pontuou.
A deputada Dorinha Seabra (DEM-TO) se comprometeu em promover debates para conscientizar as demais parlamentares da importância do voto contrário à matéria. “A bancada feminina vai debater muito este tema. Sou professora e as mulheres são duplamente atingidas na área da educação. Vamos promover todos os debates necessários para mobilizar as parlamentares nessa pauta. O voto é individual, mas podemos garantir a conscientização nessa pauta”, disse.
Para a vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, Dejanira Freitas Braga, a Previdência Publica, com as regas de hoje, “é justa e solidária, uma verdadeira proteção social”. E pontuou: “Temos que mostrar que este projeto é uma destruição da proteção social dos trabalhadores brasileiros. Esse sistema de capitalização, previsto na reforma, acaba exatamente com essa proteção aos trabalhadores. O que será dos nossos idosos? Vão ficar iguais aos idosos do Chile, na miséria? Temos que nos unir e dizer não à reforma da Previdência”, disse Dejanira.
A representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Selene Michelin, afirmou que “não podemos permitir que rasguem a Constituição de 1988. Não serve remendo nessa proposta. Ela é ruim para todos. Por isso, só serve um não a essa proposta”. E conclamou: “15 de maio teremos greve geral da Educação contra a reforma da Previdência. Chamamos as demais categorias a se somarem a esta luta”.
Segundo a líder da Minoria, o evento realizado pelas mulheres foi um pontapé para mais mobilizações das mulheres contra a reforma nos estados e municípios.
“Esse ato começa a organizar de forma mais sistemática a nossa atuação pelo Brasil. Saímos daqui renovados e confiantes de que vamos derrotar a reforma da Previdência. Não podemos parar. Esse ato tem que ser repetido nos estados, nos municípios. Temos um longo caminho a percorrer na tramitação dessa matéria, mas é o tempo que temos para virar voto, organizar o movimento nas ruas. Não há tempo a perder. Tirar direitos, não aceitaremos”, afirmou Feghali.
Também participaram do ato a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central Única dos Talhadores (CUT), CSP-Condutas, Nova Central Sindical (NCST), Intersindical e Central dos Sindicatos Brasileiros, Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (SINDIRECEITA), Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), a União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras entidades.