O governo de Cuba rechaçou “nos termos mais fortes a decisão” a decisão do regime Trump de permitir no futuro que “ações sejam tomadas nos tribunais norte-americanos contra entidades cubanas e estrangeiras fora da jurisdição dos Estados Unidos” e de “endurecer os impedimentos à entrada nos EUA de gerentes e parentes de empresas que investem legitimamente em Cuba, em propriedades que foram nacionalizadas”.
Como assinalou Havana, “são ações sob a lei Helms-Burton, que foram rejeitadas há muito tempo pela comunidade internacional, desde a sua promulgação e implementação em 1996”, e cujo principal objetivo é “impor o domínio colonial sobre o nosso país”.
Como notou o governo cubano, “curiosamente” a data escolhida pelo governo Trump “para anunciar adoção de novas medidas de agressão contra Cuba” e para reforçar a aplicação da Doutrina Monroe foi 17 de abril.
Dia em que, como registrou o governo cubano, “comemora-se o aniversário do início da agressão militar em Playa Girón, em 1961” [mais conhecida nos meios imperiais como ‘Baía dos Porcos’]. Cuja resposta resoluta do povo cubano “em defesa da Revolução e do socialismo deu origem, em apenas 72 horas, à primeira derrota militar do imperialismo na América”.
O governo de Cuba apelou “a todos os membros da comunidade internacional e aos cidadãos americanos para que detenham a escalada irracional e a política de hostilidade e agressão do governo de Trump”.
Como ressaltou a declaração, “ano após ano os Estados Membros das Nações Unidas vêm reivindicando por unanimidade o fim desta guerra econômica” a Cuba.
As novas medidas de agressão incluem, ainda, a limitação cada vez maior das remessas que os cubanos residentes nos EUA enviam a seus parentes e a intensificação das restrições das viagens de cidadãos norte-americanos a Cuba, além de sanções financeiras adicionais.
“Cuba continua a contar com a sua força, a dignidade e a força e a dignidade de outras nações soberanas e independentes”, afirmou o presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez. Ele acrescentou que Cuba “continua a acreditar também no povo americano, na Pátria de Lincoln, que se envergonha daqueles que agem fora da lei universal em nome de toda a nação americana”.
CALÚNIAS ANTE O FRACASSO
“Fingem justificar suas ações, como é costume, com mentiras e chantagens”, assinalou o governo de Cuba, sobre as novas medidas do governo Trump. Como já denunciou o ex-presidente Raúl Castro, culpam Cuba “por todos os males”, usando “mentiras no pior estilo da propaganda de Hitler”. A declaração rejeita, enfaticamente, a farsa dos ‘ataques sônicos’ em Cuba a diplomatas norte-americanos.
Como assinala a declaração, o governo dos EUA se volta para caluniar Cuba, “para “esconder e justificar o evidente fracasso da sinistra manobra de golpe para designar de Washington um ‘presidente’ usurpador” para a Venezuela.
“Descaradamente alega que Cuba mantém milhares de militares e pessoal de segurança na Venezuela, influenciando e determinando o que está acontecendo naquele país irmão”.
“Tem o cinismo de culpar Cuba pela situação econômica e social que a Venezuela enfrenta depois de anos de sanções econômicas brutais, concebidas e aplicadas pelos EUA e por vários aliados, justamente para sufocá-la economicamente e gerar sofrimento entre a população”.
Ao repudiar mais uma vez as “mentiras e ameaças”, Cuba reiterou que “sua soberania, independência e compromisso com a causa dos povos da América Latina e do Caribe não são negociáveis”.
USEIRO E VEZEIRO
“O atual governo dos Estados Unidos é reconhecido, em seu próprio país e internacionalmente, pela tendência inescrupulosa de usar a mentira como recurso de política interna e externa. É um hábito que está de acordo com antigas práticas do imperialismo”.
Como expõe a declaração, ainda estão nítidas as imagens do presidente W. Bush, com o apoio do atual Conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, fazendo da falácia das ‘armas de destruição em massa no Iraque’ o pretexto para invadir aquele país no Oriente Médio.
“A história também registra a explosão do encouraçado Maine em Havana e o incidente autoinfligido no Golfo de Tonkin, episódios que serviram de pretexto para desencadear guerras de violência em Cuba e no Vietnã”.
“Não devemos esquecer que os Estados Unidos usaram a falsa insígnia cubana, pintada nos aviões que realizaram os bombardeios no prelúdio da agressão da Baía dos Porcos, para esconder que eram na verdade norte-americanos”.
“MENTIRA DELIBERADA”
Para Havana, trata-se de “uma mentira total e deliberada”. Seus serviços de inteligência “têm provas mais do que suficientes, provavelmente mais do que qualquer outro estado”, para saber que Cuba “não tem tropas ou participa em operações militares ou de segurança na Venezuela”, embora seja “um direito soberano dos dois países independentes determinar a forma de cooperar na setor de defesa”, o que não corresponde à questão dos EUA.
“Aquele que acusa mantém mais de 250 mil soldados, em 800 bases militares no exterior, uma parte deles em nosso hemisfério”.
Seu governo também sabe, “como Cuba declarou publicamente e repetidamente”, que cerca de “20 mil colaboradores cubanos, mais de 60% mulheres” se encontram na Venezuela realizando “as mesmas tarefas” atualmente desempenhadas por “mais 11 mil profissionais do nosso país em 83 nações”: contribuir para a prestação de “serviços sociais básicos, principalmente de saúde, reconhecidos pela comunidade internacional”.
Também deve ser absolutamente claro que “a firme solidariedade” com a irmã República Bolivariana da Venezuela “é um direito de Cuba como um Estado soberano” e é também “um dever que é parte da tradição e os princípios essenciais da política externa da Revolução Cubana”.
Como ressaltou Havana, “nenhuma ameaça de represália contra Cuba, nenhum ultimato ou chantagem do atual governo dos EUA” desviará o comportamento internacionalista da nação cubana, “apesar dos devastadores danos humanos e econômicos causados ao nosso povo pelo bloqueio genocida”.
DESPREZO
Vale a pena lembrar que “a ameaça da máfia e o ultimato” já foram usados no passado quando “o esforço internacionalista de Cuba apoiou os movimentos de libertação na África”, enquanto os Estados Unidos “apoiavam o opressivo regime do apartheid”.
Pretendia-se que Cuba renunciasse aos seus compromissos de solidariedade com os povos africanos em troca de promessas de perdão, como se a Revolução tivesse de ser perdoada pelo imperialismo.
“Naquela época, Cuba rejeitou a chantagem, como rejeita hoje, com o maior desprezo”.
A declaração retoma o discurso de Raúl Castro no dia 10 de abril: “Em 60 anos contra as agressões e ameaças, os cubanos demonstraram a forte vontade de resistir e vencer as circunstâncias mais difíceis. Apesar de seu imenso poder, o imperialismo não tem a capacidade de quebrar a dignidade de um povo unido, orgulhoso da sua história e liberdade conquistada à força de muito sacrifício.”