A candidata a deputada estadual pelo PSL de Minas Gerais, Zuleide Aparecida Oliveira, que denunciou o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio por convidá-la para ser candidata laranja em 2018, entregou ao Ministério Público Federal santinhos e adesivos de campanha, que não foram registrados na prestação de contas da legenda.
Zuleide entregou 25 mil santinhos de propaganda, em dobradinha com o atual ministro, que foi eleito deputado federal no pleito, além de adesivos veiculares de apoio ao então candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro.
O material pode ser a principal prova de que o partido não contabilizou gastos nas eleições 2018 – caso que está sendo investigado pelo Ministério Público e a Polícia Federal, que apuram a utilização de um esquema de candidatas laranja pela legenda e suspeitas de caixa 2.
No início de março, Zuleide afirmou ao jornal “Folha de S. Paulo” ter sido chamada pessoalmente por Marcelo Álvaro Antonio para entrar na disputa como laranja. Na segunda-feira (22), prestou depoimento na Procuradoria da República de Pouso Alegre, no Sul de Minas, quando confirmou as denúncias feitas anteriormente.
A candidata já tinha sido ouvida pela Polícia Federal no dia 19 de março. Nesse depoimento, ela contou que encontrou o político no ano passado em Belo Horizonte e que ele fez a proposta. Caso fosse candidata, receberia R$ 60 mil do fundo partidário, mas ficaria com apenas R$ 15 mil para sua campanha. Na época, Marcelo Álvaro Antonio era presidente do PSL no Estado.
O material entregue pela candidata vai ser encaminhado ao órgão técnico de análise da prestação de contas eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais. As investigações já identificaram que não houve registro dos gastos de campanha pelo PSL estadual e no plano nacional. Segundo o MPF, “nem o PSL de Minas Gerais nem o PSL nacional registraram gastos com a campanha de Zuleide Oliveira”.
“Além do envio do material ao TRE-MG para seu cotejo com a prestação de contas, o procurador regional eleitoral em Minas Gerais, Angelo Giardini, não descarta a realização de outras diligências para apuração dos fatos”, afirma a procuradoria.
A Polícia Federal e o Ministério Público trabalham em outros casos de candidatas do PSL mineiro, que também denunciaram terem sido utilizadas como laranjas nas últimas eleições. As investigações apuram a denúncia de que o dinheiro público liberado via fundo partidário acabou nas mãos de assessores do ministro do Turismo.
Na terça-feira (23), Zuleide prestou depoimento na Polícia Federal em Varginha, onde reafirmou suas denúncias.
“Primeiro foi disponibilizado à Polícia Federal o telefone celular dela, para perícia. Todas essas comunicações via áudio, mensagens, enfim, que comprovam todas as declarações, todas essas conversas com o partido. Também foi disponibilizado extrato bancário onde fica provado que não foi feito nenhum depósito na conta partidária dela”, relatou o advogado Renato Sidney, que representa a comerciante e candidata.
A primeira a denunciar pressões para usar recursos de sua campanha no pagamento de despesas que não eram suas foi Cleuzenir Barbosa, de Governador Valadares, Região Leste de Minas. A ex-candidata afirma que não concordou com o esquema e que foi para o exterior por medo de continuar no Brasil. Ela vive hoje em Portugal.
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