O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na noite da quarta-feira (24) que não tem hoje uma boa relação pessoal com Bolsonaro. Em entrevista à Central Globo News, ele foi questionado se sua relação com o presidente é melhor ou pior do que já foi no passado, quando ambos eram deputados. “Pior. Não é uma boa relação que eu tenho com ele. Mas para mim não é importante”, afirmou.
Maia, que recentemente teve atritos e trocas de farpas públicas com o presidente Jair Bolsonaro, também criticou a “falta de agenda” para o país e considerou que a política externa do governo é um “desastre”.
“O governo precisa compreender qual é a agenda dele”, disse. “Qual é a agenda do governo? Eu pergunto qual é a agenda do governo para a Educação? Eu não sei qual é até o momento. Ninguém sabe. Qual é a agenda do governo nas Relações Internacionais? É um desastre”, salientou.
Apesar de reconhecer que seu relacionamento pessoal com o chefe do Executivo tem problemas, o presidente da Câmara ressaltou que isso não vai afetar a tramitação de projetos de interesse do governo na Casa.
Porém, durante a entrevista, Maia reiterou que as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e na aposentadoria rural, previstas na reforma da Previdência, não devem ser aprovadas. Ele considerou ainda que será muito difícil criar o regime de capitalização, pretendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Capitalização vai ter de explicar muito bem. O custo de capitalização também é muito alto, R$ 400 bilhões em dez anos”, opinou. “Qual modelo é esse? Capitalização pura? Chance zero de passar”, acrescentou.
Indagado sobre as críticas que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente da República, vem fazendo contra o vice-presidente, Hamilton Mourão, em suas redes sociais, Rodrigo Maia avaliou que o episódio “dá a impressão” de estar tirando do governo a energia necessária para tratar de temas mais relevantes.
Maia acabou de rejeitar um pedido de impeachment protocolado pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP) contra o vice. Questionado sobre o arquivamento do pedido, ele afirmou que “a Câmara não quer participar desse conflito”.
“O que eu entendi sobre esse caso de hoje é que há um conflito dentro do governo, que é explícito. Não tem ninguém escondendo. E a Câmara não quer participar desse conflito”, afirmou. “Eu deixar um pedido de impeachment que não tem base legal parado na minha gaveta pode sinalizar que eu quero fazer parte dessa troca de tiro”, completou.
“Achei por bem indeferir e sinalizar: olha, se vocês têm conflitos – que eu acho que é um conflito ruim, porque é o Presidente do Brasil ou o seu entorno e o vice-presidente –, a Câmara não quer participar desse conflito. Esse assunto na Câmara está encerrado”, disse.