Em entrevista ao HP, durante o ato unitário das Centrais Sindicais na capital paulista, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, disse que a celebração do 1º de Maio unitário “dá início à nossa convocação de uma greve geral contra esse governo fascista que não tem projeto nenhum para a nação”.
O Dia do Trabalhador foi marcado por atos unitários das Centrais Sindicais contra a reforma trabalhista por todo Brasil, sinalizando um passo importante na unidade popular para derrotar os ataques aos direitos trabalhistas perpetrados por Bolsonaro e sua trupe.
“O curso da agenda neoliberal que consagrou a Emenda Constitucional 95, a reforma trabalhista, a terceirização generalizada e irrestrita e essa ânsia do governo de destruir a Previdência pública, que é o nosso maior programa de proteção social e distribuição de renda, exigem que o movimento sindical compreenda ainda mais a importância da unidade e do fortalecimento da solidariedade para com a classe trabalhadora. Por que é ela, mais do que ninguém, que está sendo penalizada”, disse Adilson.
Adilson argumenta que não há motivos para uma reforma como essa que não seja o interesse do governo Bolsonaro de “saciar o desejo dos rentistas, dos banqueiros. No fundo, alterar as regras da Previdência é muito pouco para eles. O desejo de Paulo Guedes é instituir um modelo de capitalização e destruir a Previdência Social”.
“A CTB compreende que as reformas da Previdência já foram feitas. O Lula fez uma reforma da Previdência em 2003 que atingiu parte importante do funcionalismo público. A Dilma também fez Medidas Provisórias [664 e 665 de 2015], criou-se o fator previdenciário que hoje soma tempo de trabalho e idade, 86 para as mulheres e 96 para os homens, já considerando a longevidade”, complementa Adilson.
Além disso, “a Constituição Cidadã de 88 consagrou um modelo de Previdência Social. A Seguridade Social foi pensada levando em consideração inclusive a longevidade”, assim, “o desejo deles é dificultar o direito das pessoas de terem um aposentaria digna”.
A proposta de Guedes e Bolsonaro com “o tempo de contribuição mais a idade mínima vai dificultar demais que as pessoas se aposentem. 40 anos de contribuição com 65 anos de idade mínima é muito perverso. Com essa regra ninguém consegue acumular tempo suficiente para se aposentar com menos de 75, 80 anos”, denuncia o sindicalista.
Adilson justifica que “a aposentadoria é uma espécie de alforria para o trabalhador. Eu quero viver depois de trabalhar, por isso que nossa campanha é ‘eu quero viver depois de trabalhar, não mexa na minha aposentadoria’”.
Ao falar da Medida Provisória 871 feita pelo governo Bolsonaro com o pretexto de “fazer uma faxina” em todos os benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), o presidente da CTB diz que “o que ela quer é impedir cada vez mais pessoas de terem acesso ao benefício previdenciário. A CONTAG avalia que se mantida essas regras que o governo apresenta, nos próximos 10 anos 3 milhões de trabalhadores rurais deixarão de receber os benefícios das aposentadorias. 400 mil já foram afastados”.
O interesse do governo é acabar com todos os direitos dos trabalhadores, avalia, “e querem, de quebra, acabar com os sindicatos que são pólos de resistência, por isso criaram a Medida Provisória 873 para tentar asfixiar toda e qualquer possibilidade de luta”.
A MP 873 tem por objetivo enfraquecer as estruturas dos sindicatos, impedindo que as contribuições sindicais sejam descontadas direto na folha de pagamento, como determina o parágrafo IV do artigo 8º da Constituição Federal, sendo cobrada exclusivamente por boleto bancário enviado para casa dos trabalhadores.
“Temos que resistir, não tem outro caminho. Nós estamos nas fábricas, feiras, nas Câmaras e Prefeituras, com os governadores. Nós temos que estabelecer um diálogo com prefeitos e vereadores, com toda a sociedade. Para barrar não só a reforma, mas todas as maldades deste governo fascista. O caminho é a luta. Dia 14 de junho é greve geral”, conclui Adilson.