A convocação de uma Greve Geral contra a reforma da Previdência foi a palavra de ordem do ato unificado das centrais sindicais no 1º de Maio no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Milhares de trabalhadores atenderam ao chamado das entidades em repúdio à reforma de Bolsonaro que quer acabar com o direito do povo brasileiro à aposentadoria.
Além da presença de todas as centrais (Força Sindical, CTB, CUT, CGTB, CSP-Conlutas, CSB, Intersindical, Nova Central, UGT), o ato contou com representantes de diversas entidades, sindicatos, associações, partidos políticos e movimentos sociais que se somaram à convocação da Greve Geral, marcada para o dia 14 de junho.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que “o governo vive afirmando que os sindicatos, os trabalhadores, quando se colocam contra a reforma da Previdência, estão indo contra o Brasil, mas nós sabemos que quando lutamos pelo direito à aposentadoria, estamos lutando não apenas pelos trabalhadores, mas estamos lutando pelo Brasil”, disse.
“Somos os mais interessados na saúde do Sistema Previdenciário, porque nos preocupamos com o futuro dos jovens, mas sabemos que não é tirando direitos que vamos promover o desenvolvimento, pelo contrário, é ampliando os direitos e gerando emprego”. O sindicalista conclamou a todos para a greve geral. “Vamos unir todas as forças do país contrárias à reforma numa grande paralisação no dia 14”, disse.
Para Adilson Araújo, presidente da CTB, “se hoje o tempo para um trabalhador com deficiência se aposentar é de 20 anos, com a reforma da Previdência eles querem imputar 35 anos para um trabalhador deficiente se aposentar. E se não bastasse isto, o trabalhador que está em estágio de vulnerabilidade não vai conseguir se aposentar, por que eles querem cortar o benefício que hoje é um salário mínimo para R$ 400 reais. A greve geral é para consertar isto, para indicar o caminho”.
“Estamos aqui, neste momento histórico da união de todas as centrais preparando um grande movimento que é a Greve Geral, para que a gente possa impedir essa reforma, que é um crime contra os trabalhadores”, afirmou o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas, o Bira.
“Essa reforma da Previdência, que aumenta a idade mínima, que iguala homens e mulheres, que quer entregar nossas aposentadorias ao capital financeiro, é um crime e o que esse Bolsonaro merece é cadeia, porque quer roubar o povo e é isso que merecem todos aqueles que roubam e roubaram o povo”, disse.
Bira afirmou ainda que “não adianta querer negociar essa reforma, como pensam alguns companheiros, porque ela não tem nada que presta e é só para prejudicar os mais pobres”.
Para o dirigente da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, “a reforma da Previdência é uma verdadeira fakenews, é uma mentira. O Brasil não precisa de uma reforma da Previdência. O Brasil precisa que seus governantes tomem vergonha na cara, e cobre os devedores da previdência, parem de pagar a dívida pública, parem de dar dinheiro para os banqueiros. Temos que derrubar essa reforma e para isso vamos fazer uma mobilização para greve geral no dia 14 de junho”, conclamou.
O presidente da República disse ontem que esse ato seria esvaziado, porque o movimento sindical estava quebrado financeiramente. O ato de hoje demonstra que ele está errado. Ninguém vai calar a voz do movimento sindical brasileiro. Esse 1º de Maio unificado é histórico”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“A proposta de Bolsonaro e seu guru, Paulo Guedes, é cruel com o povo. Querem acabar com o auxílio-doença, dificultar o auxílio-maternidade, acabar com o direito dos trabalhadores, sobretudo os mais pobres, de receberem pensão e aposentadoria para sobreviver. É por isso que vamos parar no dia 14”, disse.
Durante o ato, setores do PT presentes no palco tentaram a todo o custo, em suas falas, se apoderar da manifestação unitária das centrais pelo Dia do Trabalhador e em protesto contra a reforma da Previdência com a bandeira do “Lula Livre”. Mas suas falas caíram no vácuo com a indiferença do público, que mal reagiu ao chamado.
Estavam presentes no ato a União Nacional dos Estudantes (UNE), os partidos PSB, PCdoB, PT, PDT, PSOL, PSTU e PTB, deputados federais e estaduais, a Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), a União Brasileira de Mulheres (CMB), a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, entre outras entidades.
Reportagem: Ana Lúcia e Antonio Rosa
Trabalhadores se mobilizam em todo o país contra ataques a direitos
Trabalhadores em diversos estados do país saíram às ruas nesta quarta-feira, 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, em protesto contra a reforma da Previdência de Bolsonaro e o ataque a seus direitos.
Em São Paulo, o ato unificado das Centrais Sindicais (Força Sindical, CTB, CUT, CGTB, CSP-Conlutas, CSB, Intersindical, Nova Central, UGT) começou por volta das 10h no Vale do Anhangabaú, centro da capital. Segundo a organização do evento, o ato unificado como lema “Em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – Contra o Fim da Aposentadoria por mais Empregos e Salários Decentes”, contou com a participação de mais de 200 mil pessoas. (V. 1º de Maio: trabalhadores conclamam Greve Geral contra reforma da Previdência)
No Rio de Janeiro, os trabalhadores se uniram na Praça Mauá para protestar contra a reforma da Previdência. O ato contou com a apresentação de sambistas que homenagearam a cantora Beth Carvalho, que faleceu na última terça-feira.
Em Minas Gerais, na tradicional missa do Dia do Trabalhador realizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lembraram as vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Após a missa as cerca de 5 mil pessoas seguiram em marcha até a Praça do Trabalhador. Além de denunciar os crimes socioambientais de Mariana (MG) e Brumadinho (MG), os trabalhadores mineiros também criticaram a proposta de reforma da Previdência e ataques aos direitos trabalhistas promovidos pelo governo Bolsonaro.
“O Dia do Trabalhador é para lembrar que os trabalhadores estão morrendo com a lógica da privatização que como a Vale cometeu esse crime levando lucro acima da vida. Então hoje é um dia de protesto, de luta, de solidariedade entre os trabalhadores”, disse o Coordenador Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Jocely Andreoli.
O 1º de Maio, no Rio Grande do Sul começou com procissão pelas ruas de Porto Alegre. Milhares de pessoas saíram do Parque Germânia, no bairro Passo d´Areia, em caminhada até o Santuário de Nossa Senhora do Trabalho, na Vila Ipiranga, na Zona Norte. Muitas pessoas desempregadas na missa aproveitaram para pedir por um emprego.
Por volta das 15 horas, os trabalhadores também se reuniram na região central da cidade para protestar no ato unificado das Centrais Sindicais contra a reforma e pedindo por medidas econômicas que gerem empregos para a população.
Em Pernambuco, mesmo com chuva, centenas de trabalhadores concentraram-se por volta das 9h, na Praça do Derby, na área central de Recife, para pedir a valorização do trabalho e criticar a reforma da Previdência. “Eu não consigo ter lazer sabendo que existe uma obrigação social de lutar pelos meus direitos. Na minha profissão, há um desgaste emocional e físico muito grande e a reforma vem para trazer mais prejuízos”, afirmou a professora Shirleide Avelino.
No Piauí, trabalhadores, estudantes e lideranças dos principais sindicatos fizeram protesto na Praça da Integração, na Zona Sul de Teresina. Os manifestantes realizaram passeata pelas ruas, contra a proposta do governo federal de reforma da Previdência. O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm), Sinésio Soares, afirmou no ato que a reforma da Previdência vai deixar os trabalhadores desamparados.
“O principal ataque de todos é o fim da Previdência pública. A partir do momento em que o governo se desobriga a contribuir com a aposentadoria, os patrões se desobrigam e o trabalhador vai ter que aplicar no mercado financeiro, é a substituição por um modelo de capitalização, vai ser o trabalhador por si e os bancos por ninguém”, afirmou Sinésio Soares.
No Ceará, o ato das Centrais Sindicais e movimentos sociais ocorreu na região do Cariri. O ato começou por volta das 7h, com bloqueio de vias no trecho do km-83 da rodovia BR-230, no município de Várzea Alegre. Os manifestantes levaram faixas e cartazes e realizaram queima de pneus, em protesto contra a reforma da Previdência.
Participaram do ato membros da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag), Federação dos Trabalhadores Empregados e Empregadas do Comércio e Serviço do Estado do Ceará (Fetrace) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).