JOSÉ LUÍS OREIRO*
O que faz um professor universitário?
Em primeiro lugar, todo professor de IFES é obrigado por lei a dar, no mínimo, 8 horas de aula por semana, sendo obrigatoriamente 4 horas na graduação (Lei Bresser).
Em segundo lugar, o professor precisa orientar monografias de conclusão de curso de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Estas duas últimas caso deseje o “privilégio” de dar aula na pós-graduação, sem nenhum adicional de rendimento.
O professor também precisa participar das reuniões de colegiado da graduação e da pós-graduação. Precisa emitir pareceres sobre artigos enviados para revistas científicas, precisa participar de encontros/congressos científicos no Brasil e no exterior.
Frequentemente, o professor ou professora é demandado(a) pela imprensa para esclarecer alguma questão relevante para o grande público, é convidado para participar de audiências públicas na Câmara dos Deputados ou no Senado para debater projetos de interesse do país.
As atividades de pesquisa e extensão não precisam ser desempenhadas no espaço físico da Universidade, pois a tecnologia disponível hoje em dia permite que 80% das atividades de um professor universitário possam ser feitas em qualquer lugar, inclusive sua casa. A imensa maioria dos professores universitários tem jornadas de trabalho superiores a 40 hs por semana, pois desempenham boa parte de suas atividades em casa, no regime de home office, que aliás está previsto na nova reforma trabalhista.
Tirando alguns casos isolados, não somos vagabundos e trabalhamos diariamente pela Grandeza do Brasil.
Ao contrário do que muitos acreditam a progressão funcional dos professores universitários não é automática.
No caso da UnB, os professores precisam comprovar pontuação mínima em docência, orientação, produção científica, orientação e atividades administrativas. Todo processo de progressão funcional passa por várias instâncias dentro da Universidade, onde os dados são checados e rechecados. Só então, cumpridas essas etapas burocráticas, a progressão funcional é concedida.
Trata-se do sistema mais meritocrático existente no serviço público brasileiro. O espaço para favoritismo ou perseguição política é muito pequeno.
Por fim um comentário sobre fake news. Eu nunca vi nenhum aluno ou aluna pelado ou pelada no campus da UnB. Também não vi ninguém fumando maconha. É claro que essas coisas ocorrem. Não sou ingênuo. Como também ocorriam no IBMEC-RJ [Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais] quando eu era professor de lá (1996-2001). Mas não se trata desse comportamento generalizado que os neo-fariseus fascistas querem fazer crer ao resto da população.
* Professor da Universidade de Brasília (UnB), economista. O texto foi publicado em seu site no domingo, 05/05/2019.