A queda na produção da indústria em março foi generalizada e atingiu 9 das 15 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A redução de -1,3% observada no volume de produção em âmbito nacional sobre fevereiro veio principalmente dos tombos das indústrias de São Paulo e Pará, conforme divulgou o instituto nesta quarta-feira (08).
Apenas de um mês para o outro, a produção em São Paulo recuou -1,3% em março, mesmo índice da média nacional. Não foi a queda regional mais intensa, mas a indústria paulista, responsável por 34% da produção nacional, tem o maior e mais catastrófico impacto sobre a indústria geral. Mas o dado mais expressivo se refere à comparação anual: a indústria da maior e mais desenvolvida região do país caiu -7,3% sobre março de 2018 – o pior resultado para um mês de março desde 2016. Também foi a queda mais intensa desde abril do ano passado.
De acordo com o IBGE, o patamar da produção paulista está 21,6% abaixo do seu ponto mais alto, registrado em 2011.
Ao fenômeno que fez com que as fábricas paulistas derrubassem desta maneira a produção de um mês para o outro, o IBGE atribui as dificuldades da indústria automobilística, sobretudo localizada no ABC paulista.
Norte e Nordeste
Na comparação com fevereiro, a produção de março também sofreu, além do baque vindo de São Paulo, grande impacto das indústrias do Pará, cujo recuo em apenas 30 dias foi de -11,3%. Segundo o IBGE, a paralisação de unidades extrativas no Estado tiveram a principal contribuição.
Mas a indústria paraense também recuou sobre março do ano passado, e não foi pouco: -12,5%. Na comparação anual, regiões como Amazonas (-10,8%), Espírito Santo (-11,1%), Mato Grosso (-12,3%) tiveram quedas acima dos dois dígitos. Nesta base, a queda foi generalizada em 12 das 15 regiões pesquisadas, com destaque para a Região Nordeste (-7%), Pernambuco (-4,4%) e Bahia (-6,6%). A média nacional sobre março de 2018 foi de queda de -6,1%.
Das nove regiões em queda de fevereiro para março, o destaque ficou também com a produção da Bahia (-10,1%) e Mato Grosso (-6,6%).
Outra comparação importante da pesquisa regional são os dados do acumulado do ano: no país, a média foi de queda de -2,2% na produção industrial, carregada principalmente pelos péssimos resultados regionais de 10 dos 15 locais pesquisados. São Paulo, nesta comparação, também teve queda surpreendente de -2,6%. Espírito Santo (-8,5%), Mato Grosso (-5,0%) e região Nordeste foram outros destaques negativos.
Minas Gerais
O estado de Minas teve em março o seu pior resultado em 4 anos. Pelo segundo mês consecutivo a indústria mineira registrou queda que, sobre fevereiro, foi de -2,2% e sobre março passado, de -8,8%.
O rompimento criminoso da barragem da Vale em Brumadinho é uma das razões apontadas para a queda, já que plantas estão paralisadas por questões ambientais e de segurança – além, claro, do desemprego e crise que acometem todos os estados do país.
Desemprego e consumo
“O resultado da indústria está sendo determinado pelo alto nível de desemprego e pelo ambiente político, que acarretam cautela na decisão de investimento por parte dos empresários e no consumo por parte das famílias”, disse o gerente da pesquisa pelo IBGE, Bernardo Almeida.
De acordo com dados apurados pelo próprio instituto, em março 1,2 milhões de pessoas ingressaram na fila dos desempregados no primeiro trimestre do ano, que agora já é formada por uma legião de 13,4 milhões no Brasil.
Diante desses resultados, a expectativa de crescimento da indústria e do PIB do país em 2019 vem sendo sistematicamente reduzida nas previsões do mercado. Ao final do ano passado, estimava-se que a produção cresceria na ordem de 3,2% no ano. Agora, as previsões medianas não passam de 1,8%.
Quanto as previsões para o PIB, desabaram de 1,70% para 1,49%, segundo o boletim Focus do Banco Central.
PRISCILA CASALE