Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à Rádio Bandeirantes, neste domingo (12), que “a coisa que mais atrapalha o Brasil são os Sindicatos”. Ele diz isso porque pretende tirar direitos dos trabalhadores com sua proposta de desmonte da Previdência Social pública e os sindicatos e as centrais estão se unindo e não pretendem permitir o assalto aos direitos dos trabalhadores, pretendido pelo Planalto.
Ele usou a rádio para denegrir os trabalhadores e suas entidades porque os sindicatos e as centrais sindicais não estão dispostos a tolerar que ele entregue as empresas e as riquezas do Brasil de mão beijada para as multinacionais, como ele pretende fazer – e já anunciou que vai fazer – como é o caso do megaleilão das áreas do pré-sal marcado para outubro.
Não por outro motivo, Bolsonaro se reuniu esta semana com o presidente da Shell, Ben van Beurden. Tudo para acertar os detalhes da entrega do pré-sal. O executivo esfregou as mãos e disse que está muito animado com o leilão e que pretende usufruir de todas essas benesses.
Fernando Siqueira, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) denunciou que o governo vai vender 21 bilhões de barris de petróleo por R$ 100 bilhões quando o lucro que será obtido com a comercialização deste volume de petróleo – com o barril a US$ 65 – e descontados os custos de produção – será de US$ 800 bilhões, ou R$ 3,2 trilhões, ao câmbio de hoje.
Segundo Bolsonaro, a maioria dos sindicatos “legisla em causa própria”. É verdade. Os sindicatos realmente defendem a causa própria dos trabalhadores e não a sua política.
Ele queria amordaçar os sindicatos para continuar a se portar como um entreguista contumaz e um serviçal de Donald Trump sem ser incomodado.
Queria que os sindicatos ficassem quietos diante do assalto de R$ 1,2 trilhão que ele e Paulo Guedes querem fazer no INSS. Só que as mobilizações estão crescendo e a sociedade está cada vez mais contra a sua proposta. Pesquisa do IBOPE, divulgada esta semana mostra que apenas 6% dos entrevistados apoiam a elevação da idade de aposentadoria para 65 anos.
Exatamente porque as entidades não estão caladas é que o fariseu as ataca e quer cortar os seus recursos, como anunciou na entrevista deste domingo.
O movimento sindical brasileiro já tomou a decisão de lutar contra a proposta do governo de retirar dinheiro da Previdência Social para transferi-lo para os bancos.
Os recursos que Paulo Guedes diz que vai “economizar“ com sua “reforma” da Previdência é exatamente o que ele pretende cortar de direitos e aposentadorias. Elevar a idade de aposentadoria para 65 anos faz parte do plano do governo de fazer o trabalhador brasileiro morrer antes de se aposentar.
Bolsonaro devia ter vergonha de defender um proposta como esta, porque ele se aposentou com 33 anos, como capitão, e recebe R$ 10 mil de aposentadoria. Mas não foi só isso. Ele se aposentou também como deputado e recebe mais R$ 27 mil. Mas, para o trabalhador, que, em sua maioria recebe até 2 salários mínimos, ele defende elevar a idade para 65 anos.
Do total de R$ 1,2 trilhão que eles querem tirar da Previdência, 90% será subtraído das aposentadorias de quem ganha até 2 salários mínimos.
O governo pretende também imitar o sistema de aposentadoria do Chile, que faliu e que está levando os aposentados daquele país à miséria e aos recordes de suicídio.
O modelo, que eles chamam de “capitalização”, significa parar de cobrar de empresários e do governo a contribuição para o INSS. Quebrar o INSS. Aí, depois, eles obrigariam o trabalhador a bancar sozinho a sua aposentadoria.
Ele seria obrigado a abrir uma conta num banco privado e descontaria sozinho para sua aposentadoria futura. Ou seja, o que eles querem é acabar com o INSS e entregar o dinheiro arrecado para o sistema financeiro, para a especulação financeira. Isso chama-se privatizar a Previdência Social.
Os sindicatos estão sendo atacados por Bolsonaro exatamente porque estão mostrando que não pretendem se dobrar à sua política. Eles já marcaram até uma greve geral para 14 de junho com o intuito de barrar a proposta do governo. Por isso Bolsonaro ataca os trabalhadores.
Ele pretende estrangular as finanças dos sindicatos tentando impedir o desconto em folha do imposto sindical, para parar a mobilização. “O imposto sindical, se o trabalhador optar pelo pagamento via boleto bancário tudo bem, mas não com um desconto automático no contracheque”, disse ele, na entrevista.
Pensa que essas medidas serão suficientes para impedir as mobilizações que se avizinham.
No decorrer da entrevista, Bolsonaro foi deixando claro também porque o país está à deriva. Ele confessou que só se concentra em liberar armas, estimular a violência, perseguir os movimentos sociais e alimentar ataques dos filhos – e de seu guru – aos militares e às Forças Armadas. “Não é fácil governar o Brasil”, admitiu.
“Por isso tenho uma equipe de ministros que conversa comigo; são 24 pessoas (incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão) para buscar soluções para o Brasil”, informou.
Entre esses ministros citados por ele está o da Educação, Abrahan Weintraub, que além de confundir Kafka com kafta, em audiência no Senado, acaba de mostrar o que ele tem como solução para a educação brasileira. Cortou 30% das verbas das Universidades e Institutos Federais e acabou com bolsas de pesquisa científica.
“Se nós agirmos com racionalidade e pensarmos no Brasil temos como buscar soluções para os nossos problemas”, disse Bolsonaro. Como se houvesse alguma racionalidade nas ações deste governo.
E aí, ele anteviu o que o espera pela frente. “Quando você entra para cruzar o Atlântico, se não se preparar para a tormenta, pode ser surpreendido”, declarou.
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