Assembleias realizadas na UFSCar e da USP, em São Carlos, reuniu milhares de estudantes, na noite de segunda-feira (13), e aprovou por unanimidade greve na próxima quarta-feira (15), para se somarem a mobilização nacional, organizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), contra os cortes na educação promovidos por Bolsonaro.
A assembleia da USP foi realizada pelo Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (CAASO), que representa os estudantes da USP – Campus São Carlos. Já a da UFSCar foi convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE Livre UFSCar).
“O ministro da Educação propôs os cortes após afirmar que as universidades públicas fazem “balbúrdia” e que os cortes seriam revistos após a aprovação da Reforma da Previdência, que quer praticamente acabar com o direito à aposentadoria do povo pobre. Pois então, as universidades darão uma resposta à altura”, afirmou o DCE Livre UFSCar.
O Ministério da Educação comunicou o corte de 30% do orçamento de todas as universidades e institutos federais. Após o anúncio, Institutos e Universidades Federais se manifestaram denunciando que, com a medida, não conseguirão manter as portas abertas. Ao mesmo tempo, o MEC iniciou o bloqueio de verbas para a concessão de bolsas de mestrado e doutorado fornecidas por meio da Capes.
De acordo com o CAASO, essa “é uma medida que claramente objetiva acabar com a autonomia universitária, a produção do pensamento crítico e a organização do movimento estudantil. Isso se torna ainda mais visível quando uma das justificativas para os cortes é que as universidades vêm realizando “balbúrdia” em seus espaços”, afirmou o centro acadêmico, em nota.
Bolsonaro também anunciou que o MEC estuda cortar verbas de cursos de humanidades e áreas que não dessem “retorno ao contribuinte”.
A nota do CAASO considera “um grande absurdo, já que qualquer produção tecnológica depende da ciência básica (que não gera um retorno direto ao contribuinte) e da compreensão da sociedade, somente obtida a partir das ciências humanas. Isso, portanto, é um ataque claro à construção do pensamento crítico e à pesquisa no país. Além disso, essa medida também afeta o ensino básico, já que atrapalha a formação de professores”, salientou a nota.
O DCE Livre UFSCar afirmou que não admitirá “cortes nos orçamentos, a censura do pensamento crítico e a retirada do direito à autonomia das universidades”.
“O total desprezo pela educação de nível superior, pela crítica, pela produção científica e pelo conhecimento por parte do presidente neo-fascista e seus aliados que querem transformar a educação em mera mercadoria, nos traz a necessidade de enfrentar o desmonte da educação pública. Vamos pra cima desse governo reacionário! Nenhum direito a menos! A participação de todas e todos é muito importante na construção dessa luta”, salientou o DCE Livre UFSCar.
ALESP
O CAASO lembrou que, no final de abril, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, os partidos aliados do governo instauraram uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para “investigar irregularidades na gestão das universidades estaduais paulistas”, e tem como objetivo, como afirmaram os deputados, “combater o ‘Marxismo Cultural’ das universidades e intervir nas escolhas dos reitores”.
“Isso fere radicalmente a autonomia universitária e do movimento estudantil, além de atacar a liberdade de pensamento e debate dentro do espaço universitário, que deve ser plural, democrático e de construção de conhecimento”, ressaltou o centro acadêmico.
“O CAASO, com toda sua história de lutas, não pode permitir que acabem com nossas universidades e sucateiem o ensino público. Vamos à luta! Basta de ataques à educação!”, finalizaram os estudantes da USP do Campus São Carlos.