A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na terça-feira (14), afirma que os indicadores da economia sugerem “que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano, na comparação como o trimestre anterior“.
“A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego“, diz a ata da 222ª reunião que, diante de todos indicadores da economia no fundo do poço, manteve a taxa básica da economia (Selic) em 6,5%.
Os membros do Copom avaliaram ainda que “o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, mas o cenário básico contempla sua retomada adiante”, desde que seja aprovado o desmonte da Previdência Social com o confisco de 1 trilhão dos mais pobres para os bancos.
O PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, no 4º trimestre de 2018 registrou uma variação de 0,1% – o que, na prática, significa ZERO de crescimento. Ao longo de todo o ano de 2018, a política recessiva de ajuste fiscal de Temer/Meirelles – a mesma de Dilma/Levy – apenas provocou sussurros de agonia até chegar aos 1,1% de “crescimento” em 2018 sobre 2017, que também registrou PIB de 1,1%; o que significou um banho de água fria nos discursos dos defensores da chamada “recuperação econômica” de Temer.
Para completar o quadro de crise econômica, 1,2 milhão de pessoas ficaram sem emprego no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2018, segundo dados do IBGE. No total, são 13,4 milhões de brasileiros na fila de desempregados.
Recessão
Com as projeções feitas pelos bancos para o 1º trimestre de 2019 e a revisão dos indicadores do PIB do 4º trimestre de 2018 para baixo, o país poderá registrar “recessão técnica”, que é caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda, em relação ao trimestre anterior.
Os bancos Itaú Unibanco e o Bradesco pioraram as estimativas para o PIB deste ano. Segundo relatório do Bradesco, divulgado na sexta-feira (10), a economia encolheu -0,2% nos três primeiros meses do ano em relação aos últimos três meses do ano passado. Segundo o Bradesco, “a produção industrial de março confirmou que o setor não apresenta sinais de retomada, com praticamente todas as aberturas registrando queda desde meados do ano passado”.
Na comparação de março deste ano com o mesmo período do ano passado, a produção industrial desabou -6,1%, o pior resultado desde maio de 2018 (-6,3%). As vendas do comércio varejista do país caíram -4,5% e o volume de Serviços caiu -2,3%, completando o cenário de arraso da economia e de provável retração do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2019
Na mesma toada, o banco Itaú divulgou no início desta semana (13) que revisou suas expectativas para o PIB de queda de 0,1% para 0,2% no primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre do ano passado, após ajuste sazonal. O banco também disse que não espera nada além de 1% de expansão do PIB neste ano.
Pela 11ª semana consecutiva, os representantes do mercado financeiro ouvidos pelo BC reduziram a previsão de crescimento da economia em 2019. A estimativa para o resultado do PIB, segundo o Boletim Focus, caiu de 1,49% para 1,45%.
Diante da expectativa de queda do PIB de 2019, o governo Bolsonaro mantém o receituário de arrocho fiscal e prepara um bloqueio adicional de até R$ 10 bilhões na próxima revisão orçamentária, segundo matéria divulgada pela Folha de São Paulo. No fim de março, o governo bloqueou quase R$ 30 bilhões do Orçamento.