A atividade industrial argentina continua em declínio, apresentando uma retração de 13,4%, em março, em relação a igual mês de 2018, segundo dados oficiais. Foi a maior queda do ano, só comparável com a de 14,8% de dezembro passado.
Já a utilização da capacidade instalada da indústria ficou em março em 57,7%, informou na terça-feira, 14, o Instituto Nacional de Estatística e Censos da República Argentina, INDEC. Isso implica que a indústria do país vizinho está atendendo à demanda interna e a suas exportações com pouco mais da metade das instalações que possui na atualidade.
A consequência do baixo uso das máquinas são as suspensões de trabalhadores como medida prévia a demissões e até o fechamento de empresas.
No trimestre, o retrocesso manufatureiro é de 11,1% com relação ao mesmo período do ano passado, mostrando o desastre da política aplicada pelo governo de Mauricio Macri que levou o índice de pobreza do país para 32% no segundo semestre de 2018, uma alta de 4,7 pontos percentuais ante a primeira metade do ano, como mostraram dados também divulgados pelo INDEC, em 28 de março passado.
O setor de menor uso de sua capacidade industrial é o automotor, com 35% em março, mais de 20 pontos abaixo dos 58,2% do mesmo mês do ano passado. O mercado de autopeças retraiu-se 6,7% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Como resposta, as multinacionais automotrizes que funcionam no país, que não se regem pelo interesse dos países onde se instalam, desde há vários meses implantaram um esquema de suspensões massivas de funcionários. Por exemplo, neste mês a FIAT brecou totalmente sua produção durante onze dias em Córdoba, enquanto que a fábrica de caminhões Iveco só trabalhará oito dias em maio, informou Javier Lewkowicz, no jornal Página 12. A Volkswagen não abre sua fábrica na província de Buenos Aires, onde trabalham 3.900 pessoas, durante oito dias em maio e a Renault também suspende trabalhadores.
O segundo setor de pior desempenho é o da metalmecânica, com apenas 43,1% de utilização de sua capacidade industrial. “A menor utilização das fábricas se origina principalmente nas quedas dos níveis de produção de maquinaria agropecuária e de aparelhos de uso doméstico”, diz o informe do INDEC. No primeiro trimestre deste ano as vendas de tratores nacionais caíram 26,9%.
Também abaixo da média geral ficaram os produtos de borracha e plástico, com 48,7% da capacidade, como consequência da menor produção de pneumáticos e de manufaturas de plástico, enquanto que produtos têxteis ficaram em 49,8% por conta da menor produção de roupas e outros tecidos. Outro dos importantes setores que opera abaixo da média é alimentos e bebidas, com uso da capacidade de 55,7%.
NATHANIEL BRAIA