O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repreendeu o líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), durante a reunião de líderes partidários nesta terça-feira (21). Antes de encerrar a reunião, que discutiu a pauta da semana, Maia anunciou que havia rompido “relações pessoais” com o deputado.
“Fui atacado e por isso excluí ele das minhas relações pessoais”, disse o presidente da Câmara.
Maia afirmou que tem sido alvo de ataques constantes e que o governo tem criado um ambiente de desgaste permanente entre os Poderes. Ele acrescentou que as manifestações convocadas para o próximo domingo (26) não vão encurralar o Congresso.
“Não vou tratar manifestações com viés antidemocrático como algo relevante para que a gente possa organizar ou não a pauta da Câmara”, afirmou. “Foi criado um ambiente, não pela manifestação, mas pelo governo, de que alguém estava querendo ampliar o número de ministérios, de prejudicar o governo. É claro que não”, assinalou.
De acordo com relatos, o presidente da Câmara disse que precisava expor um fato que havia ocorrido há alguns meses. Maia se referia a um episódio de março, em que o líder do governo fez críticas a ele e à “velha política”. Na ocasião, o Major Vitor Hugo fez postagens sobre supostas negociações de cargos nos governos Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT) em troca do apoio de Maia e do Congresso.
A primeira mensagem se referia a uma reportagem do jornal “O Globo”, de 2017, com o título “Para aprovar mudanças na Previdência, Temer autoriza Maia a negociar cargos”. A segunda, uma charge ironizando a relação do governo Dilma com os parlamentares. Na imagem, a ex-presidente levava ao Congresso um pacote de cargos para garantir as conversas.
Vítor Hugo respondeu dizendo que as críticas não foram pessoais e que a mensagem foi tirada de contexto. Ele também reclamou que diversas vezes tentou buscar o contato com o presidente da Câmara para estabelecer uma relação republicana. O líder criticou ainda o fato de Maia reunir parte de líderes na residência oficial e que não quis “abrir as portas” para ele.
Maia reagiu: “Se o deputado considera que diálogo é um pacote de dinheiro, me desculpe”.
O governo precisa aprovar ao menos três medidas provisórias nesta semana para evitar que elas percam validade. Entre elas, a MP 870, que alterou a estrutura administrativa do governo e se não for aprovada até 3 de junho vai caducar.
O próprio governo propôs recriar dois ministérios – das Cidades e Integração – para cooptar apoio para votar a MP e a reforma da Previdência. Depois os bolsonaristas divulgaram que isso era toma lá, dá cá e que Rodrigo Maia e o Centrão iriam indicar os ministros.
Bolsonaro, inclusive, compartilhou um texto golpista falando do Brasil como um país “ingovernável” fora dos “conchavos políticos”.
Segundo o texto, Bolsonaro sofre resistências de “corporações”, e que o Congresso o impede de aprovar medidas. Logo Bolsonaro, que a primeira coisa que fez ao sentar na cadeira presidencial foi satisfazer as corporações financeiras com a proposta da reforma da Previdência. Além de escolher Paulo Guedes, serviçal das corporações dos banqueiros, como ministro da Economia.
Já há uma previsão de votar a MP 870 sem a recriação dos dois ministérios.