A ameaça de rompimento do talude da Mina do Gongo Soco, da mineradora Vale, em Barão de Cocais, deixou a cidade em estado de alerta. O prefeito do município, Décio Geraldo Santos (PV) condenou o descaso da mineradora com os moradores.
O talude, estrutura de sustentação da mina da Vale, está se movimentando cerca de 10 centímetros por dia. O abalo causado pelo possível rompimento da estrutura pode afetar a barragem Sul Superior, que fica 1,5 quilometro abaixo do talude.
“A população já está em risco desde que a barragem foi classificada como risco 3. E já foi feita uma projeção de que o talude pode romper até domingo (26). E o pior é que nem sabemos as proporções reais do impacto da queda do talude sobre a barragem”, destacou Décio Geraldo Santos (PV).
“A população está aterrorizada e com toda a razão, nós também. Temos família na cidade, (isso) preocupa todo mundo. Sempre falo: não admito nenhuma morte”, afirmou o prefeito, que apontou ainda que a mineradora não forneceu qualquer apoio aos moradores de Barão de Cocais.
“As pessoas estão adoecendo muito, e por estresse, de esperar alguma coisa acontecer. Precisamos de apoio do governo do estado e até mesmo do presidente, para nos ajudar com recursos”, relatou o prefeito.
Alguns moradores que já foram removidos de suas casas não sabem quando retornarão aos lares. Quem não foi realocado por morar em áreas em que a lama demoraria mais de uma hora para chegar, se angustia por não saber se a barrgem vai mesmo se romper, conforme relata a representante dos moradores da comunidade de Socorro, Isabel Cristina. “A gente não vê essa lama. Ela é invisível, mas está atingindo a cada dia um morador. A nossa população está toda doente. A cidade está doente”, destacou Isabel.
Santos diz que, por enquanto, vem conseguindo manter o atendimento, mas há uma dívida com fornecedores no setor de saúde de R$ 4 milhões. O prefeito afirma que a Vale prometeu ajuda para a área, que não chegou até hoje, reclama do comportamento da empresa diante dos impactos pelo possível rompimento da barragem. “Uma coisa é o impacto que a Vale acha que tudo isso tem no município. Outro é o impacto real, que sentimos”, pontua.