Os portuários da cidade francesa de Marselha se recusaram a carregar armamentos em navio saudita. O barco teve o carregamento de armas negado desde o dia 28 e, deixou o porto sem a carga nesta quinta-feira, dia 30.
A decisão dos portuários marselheses faz parte de uma pressão crescent sobre o governo francês para que suspenda a venda de armamentos ao governo saudita devido ao massacre que já custou a vida de pelo menos 10 mil civis iemenitas.
O governo saudita, com apoio dos Estados Unidos e armas adquiridas aos EUA, Inglaterra e França atacam o país sob comando de um governo popular iemenita que assumiu o poder com a deposição de um governo títere dos sauditas no país.
Nos ataques aéreos foram mortos civis em suas residências, em casamentos, funerais, hospitais, escolas de mesquitas. Um bloqueio ao país, além de ataques à infraestrutura, deixam milhões de iemenitas em condição de fome e sujeitos a surtos de doenças epidêmicas, a exemplo da cólera.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Docas e Manutenção Portuária do Golfo de Fos (onde se situa a cidade de Marselha), filiado à central CGT, se manifestou comunicado afirmando que, ao impedirem o carregamento, os portuários se mantêm “fiéis a sua história aos valores da paz”.
Os portuários afirmam ainda que não vão “carregar qualquer arma para a guerra”.
O navio, Bahri Tabuk, já havia, há duas semanas, também deixado o porto de Le Havre sem seu carregamento, que inclui canhões Caesar, de calibre 155 mm, de fabricação francesa, devido a um movimento similar dos portuários que trabalham naquele outro porto francês.
Um carregamento de drones que estava previsto para entrar no mesmo navio, também foi bloqueado pelos portuários italianos no porto de Gênova.
Além dos portuários, a Associação Cristã pela Abolição da Tortura (ACAT) entrou com uma ação para que munições endereçadas à Arábia Saudita sejam proibidas de deixarem os portos franceses. A ACAT também lançou um apelo para que “a sociedade civil e as organizações sociais se mobilizem para impedir os armamentos de irem para a Arábia Saudita”.
Apesar de todas as denúncias e das investigações abertas na ONU sobre os crimes de guerra sauditas, o presidente Emmanuel Macron mantém os negócios com armas junto ao país agressor. Mesmo com o revés nos portos franceses, a Ministra da Defesa, Florence Parly, defendeu a continuidade da venda de armas em declaração ao parlamento francês afirmando que pretende continuar “a parceria com a Arábia Saudita”.
Macron tem constantemente se negado a reconhecer que as armas francesas estão sendo usadas para massacrar civis, insistindo que elas só são usadas em “situações defensivas”. No entanto, um informe vazado a poucos dias detalha que Macron foi alertada para o fato de que armas francesas foram usadas em um ataque a civis em setembro de 2018 mas, ao invés de reter a venda de armas, tem preferido intimidar os jornalistas.
Dois dos jornalistas do site Disclose, que divulgou o informe, assim como um jornalista da Radio France, foram chamados a depor junto à Securité, como é chamado o serviço interno de segurança e acusam o governo francês de “táticas intimidatórias”.