Nesta terça-feira, dia 4, os professores chilenos realizaram o segundo dia de paralisação em protesto contra a destruição da educação pública no país.
Em uma marcha denominada de “Funeral da Educação Pública”, milhares de professores, estudantes e apoiadores desfilaram vestidos de preto e carregando ataúdes simbólicos exigindo o fortalecimento do ensino público e melhores condições para a educação no Chile. Na capital a marcha saiu do Colégio de Professores e foi encerrada com a entrega de uma carta à ministra de Educação, Marcela Cubillos.
No dia anterior, centenas de docentes deram aulas nas estações de metrô e praças, denunciando a situação crítica da educação pública, seus problemas e limitações. Houve também manifestações em muitas outras cidades, sendo a maior delas em Valparaiso.
Em breve discurso de abertura da mobilização em Santiago, o presidente do Sindicato dos Professores da capital, Carlos Díaz Marchant, reiterou a questão que motivou esta greve nacional do setor: “A educação pública está caindo aos pedaços”. E lamentou o silêncio e a omissão do Ministério de Educação.
“Não tivemos nenhuma comunicação, nenhum chamado da parte do governo, e não foi por falta de que nós não insistíssemos em comunicar-nos com as autoridades e esclarecer nossas opiniões e reivindicações. Parece-nos muito irresponsável da parte do governo porque no país a greve foi geral, há mais de um milhão de estudantes sem aulas, com apoio de todos, inclusive das famílias dos estudantes. Que a esse governo isso preocupe pouco, é algo que nos deixa perplexos”, declarou Marchant.
Frisando a reivindicação em relação à dívida histórica com os docentes, as entidades organizadoras convidaram a diretora regional e encarregada dos professores aposentados, Patricia Muñoz, a fazer parte da primeira linha da marcha até o Ministério de Educação.
“Nas atuais reivindicações ocupamos o primeiro lugar. Apoiamos a preocupação do presidente do Colégio de Professores, Mario Aguilar. Nesta jornada, os aposentados estamos sendo bem tratados, com reconhecimento da dívida histórica conosco que vem desde a época da ditadura de Pinochet, e temos esperanças de sermos ouvidos, que o governo veja a situação crítica da educação pública”, explicou Muñoz.
Na caminhada realizada na cidade de Valparaíso, o diretor do Colégio de Professores, Hugo Gerter, ressaltou que “esta carta à ministra não tem reivindicações salariais, nem está focada em conseguir uma melhoria econômica para os professores. O que estamos solicitando são melhores condições trabalhistas, que o professor possa desenvolver suas atividades de tal maneira a poder avançar na qualidade do ensino, e melhorar os espaços educativos dos distintos colégios”.
Mario Aguilar afirmou que o movimento continua e que estão sendo realizadas conversas com deputados, prefeitos, governadores e outros setores “para avançar nesta questão chave para toda a sociedade”.