Facebook anunciou a contratação de uma das mais declaradas nazistas (ou neonazistas, se preferirem) ucranianas, Kateryna Kruk, para o cargo de “administradora de política pública” para as postagens no país.
A informação foi divulgada pelo editor do portal Grayzone, Ben Norton. Ele pesquisou a trajetória e as postagens de Kateryna, destacando que ela foi “ativa participante do golpe de 2014 patrocinado pelos Estados Unidos na Ucrânia”.
Durante aquele período, suas postagens revelam adesão às ideias e iniciativas dos partidos nazistas Svoboda e Setor da Direita, assim como às chacinas e perseguições perpetradas por seus membros durante o levante em Kiev – com o centro na Praça Maidan – que afastou um governo eleito, bem relacionado com o governo independente da Rússia, colocando no lugar uma junta submetida à Otan, que dividiu e miserabilizou a Ucrânia até perder nas eleições seguintes, deste ano, para seu opositor, o comediante Volodymyr Zelensky.
FESTEJANDO O MASSACRE DE ODESSA
Ela evidenciou suas inclinações direitistas em declarações como a que elogiou como heróis os assassinos dos manifestantes chacinados em Odessa por apoiarem o governo. Ali, quando o acampamento dos apoiadores do governo foi ameaçado por uma turba, eles buscaram refúgio na sede da Central Sindical que foi incendiada, 48 manifestantes morreram, 250 ficaram feridos, segundo números oficiais.
Na época, a atual diretora do Facebook para a Ucrânia achou isso um grande feito e postou: “Odessa limpou a si própria dos terroristas, orgulho-me da cidade lutando por sua identidade”.
Em 2014, já com a junta nazista no poder, Kateryna, que já exigia desde 2013 o banimento do Partido Comunista da Ucrânia, felicitou o afastamento dos deputados do PC do parlamento ucraniano e disse: “É isso que os comunistas merecem por apoiarem terroristas”.
Isso, enquanto até organizações reconhecidamente alinhadas com os Estados Unidos em sua política internacional, a exemplo da Anistia Internacional, repudiaram a medida. A Anistia considerou aquela penalização como “um decisivo revés para a liberdade de expressão no país”.
ELOGIO AOS COLABORACIONISTAS DA INVASÃO NAZISTA
Durante a revolta ucraniana patrocinada pelos EUA, Kateryna, atuou como voluntária do Svoboda, partido que – desde seu surgimento nos anos 1990 – em seus eventos e proclamações, saúdam e demonstram identidade com os colaboracionistas ucranianos quando da invasão hitlerista, durante a Segunda Guerra Mundial.
Ao descrever um desses atos, o articulista Conn Hallinan, em sua matéria para o portal The Nation, intitulada “O lado negro da revolta ucraniana”, destaca a visão de: “…jovens ucranianos vestindo os temidos uniformes das SS com suásticas visíveis em seus capacetes enquanto carregavam caixões simbólicos de membros desta unidade nazista [referindo-se à Unidade Galizia, que atuou sob comando nazista em muitos dos massacres que perpetraram no país].
“Depois”, prossegue, “baixaram os caixões ao chão e atiraram para cima em sua honra”.
O Svoboda não é apenas o resultado de uma reformatação contemporânea do fascismo; a agremiação direitista tem uma linhagem nazista direta e que não tenta esconder. Foi fundado como uma nova roupagem do Partido Social Nacional (PSN) da Ucrânia, descendente direto do Nacional-Socialista de Hitler. O líder do PSN, Oleh Tyahnybok, foi fotografado fazendo a saudação nazista e tem sido autor de pronunciamentos violentamente antissemitas.
Assim, fica evidente que há toda a probabilidade de que ela atuará no sentido de censurar portais com os quais discorde.
Aliás, sua história mais recente aponta não só nesta direção, mas destaca sua vinculação com órgãos de informação da direita que esteve no poder até recentemente. Até o final deste governo atuou como “responsável pela mídia social e comunicações internacionais do parlamento ucraniano”.
E, segundo o currículo divulgado pelos seus novos contratantes, era “membro da equipe que trabalhou no desenvolvimento da doutrina de segurança informacional da Ucrânia”.
NEM EQUILÍBRIO, NEM IMPARCIALIDADE
Ao contratar uma pessoa como Kateryna, como afirma o articulista Ben Norton, “a corporação tecnológica nem tenta pretender ser equilibrada e imparcial”.
Ao contrário, “contratou alguém o mais parcial possível” e isso logo após a queda do governo pelo qual a Casa Banca tinha declarada predileção.
Ou seja, o que o emprego de uma degenerada como Kateryna Kruk sinaliza é que as tentativas de fomentar os atritos e a beligerância contra a Rússia, na nefasta ressurreição da Guerra Fria, voltando a incluir em sua articulação o país fronteiriço – como acontecia durante o governo agora derrotado nas urnas – não se detiveram com o afastamento pelo povo ucraniano do dileto fantoche da Casa Branca, Poroshenko.
A presença de Kateryna no Facebook merece atenção pois indica que o fabrico de uma malha provocativa, com base no sustento da atividade dos nazistas ucranianos em conexão com os órgãos secretos norte-americanos, contra as saudáveis medidas anunciadas pelo recém-eleito Zelensky, de retomada das relações historicamente produtivas com a Rússia (a exemplo da anunciada reabertura das negociações em torno da paz de Minsk), já está em andamento, ainda que o povo tenha manifestado, através das urnas seu amplo repúdio ao desastroso Poroshenko: 73% para Zelensky contra minguados 25% para o candidato governamental.
N.B.