Walter Neves* e Victor de Oliveira**
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32)
Tudo começou há 7 milhões de anos, com o surgimento dos primeiros macacos bípedes. O primeiro bípede é conhecido como Sahelanthropus tchadensis e foi encontrado em 2002 no deserto do Chade. A bipedia é o traço característico da nossa linhagem, a dos hominínios. No início, a bipedia era facultativa, mas há cerca de 2,5 milhões de anos ela passou a ser estritamente terrestre. Esse fenômeno coincide com o surgimento do gênero Homo no registro fóssil. Datam também dessa época outras características bastante humanas, como cérebros maiores do que aqueles dos grandes símios e a fabricação das primeiras ferramentas de pedra. Até 2 milhões de anos atrás toda a evolução de nossa linhagem se restringiu à Africa.
Mas há 1,8 milhão de anos um de nossos ancestrais mais famosos, o Homo erectus, já podia ser encontrado no Cáucaso, como atestam os cinco crânios dessa idade exumados nos anos 2000 na jazida de Dmanisi, na República da Georgia. A capacidade craniana desses indivíduos varia entre 650 e 750 cm3 . Por volta de 1,5 milhão de anos atrás esse nosso ancestral, que surgiu na África, já podia também ser visto nas paisagens européias e asiáticas, às vezes com cérebros que atingiam 900 cm3.
Se a primeira indústria de pedras lascadas – chamada de Olduvaiense – era caracterizada apenas por lascas simples, sem retoques, por volta de 1,7 milhão de anos atrás surgiu a indústria lítica Acheulense, com as primeiras ferramentas idealizadas mentalmente, com sinais de preconcepção. Coincidentemente, essas primeiras ferramentas planejadas só surgem no registro fóssil com o desenvolvimento do cérebro acima de 900cm3.
Por volta de 600 mil anos surgiu o Homo heidelbergensis, os primeiros cabeçudos. Esses hominínios já apresentavam uma capacidade craniana muito próxima à nossa, cerca de 1200 cm3. Na Europa esses hominínios deram origem ao Homo neanderthalensis – os neandertais – com capacidade craniana de cerca de 1450 cm3.
Na África os heidelbergensis deram origem à nossa espécie, Homo sapiens, há cerca de 200 mil anos, com capacidade craniana de cerca de 1350 cm3. Mas foi só 50 mil anos atrás que nós nos espalhamos por todo o planeta, encontrando várias espécies ainda arcaicas pelo caminho. Essa expansão foi rápida. Há 45 mil anos o homem moderno já estava na Austrália e há 14 mil anos, na América. Em alguns casos trocamos genes com essas espécies arcaicas, como, por exemplo, com os neandertais.
Entre 70 e 50 mil anos atrás ocorreu uma mudança no cérebro do Homo sapiens que levou à uma explosão de sua criatividade, incluindo a tecnológica. Esse episódio é denominado a Explosão Criativa do Paleolítico Superior. Foi a partir de então que começamos a produzir e manipular símbolos. Passamos a atribuir significado a quase tudo em nossa volta, incluindo uma significação para a própria vida. Surgiram as primeiras manifestações artísticas, tais como a escultura e a pintura parietal. Tanto a primeira quanto a segunda têm, de saída, forte viés xamanístico, indicando, portanto, que o sentimento de religiosidade também fez parte do pacote.
Isso pode fazer parecer que somos especiais. Entretanto, quase fomos pro saco por volta de 70 mil anos atrás. A explosão de um super vulcão na Indonésia provocou um inverno nuclear de cerca de 5 anos por todo o planeta. Poucos de nós sobrevivemos a essa hecatombe. Nossa espécie foi reduzida a meros 10 mil indivíduos, população essa similar à dos chimpanzés atuais, considerados em perigo de extinção.
Também estamos longe de ser o resultado de um design inteligente. Basta ver uma mulher parindo que isso fica muito claro. É um dos preços que tivemos que pagar pela fixação da bipedia em nossa linhagem. O canal do parto se estreitou e para minorar a situação, mas não para resolvê-la totalmente, nossas crias começaram a nascer com cérebros muito pequenos e imaturos e se tornaram extremamente dependentes de cuidado parental por um longo período, muito maior do que em qualquer outro macaco.
E assim caminhou a humanidade. É essa a narrativa que tem que ser ensinada nas escolas se, de fato, formos um Estado laico.
* é Professor Sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP
** é aluno do Instituto de Matemática e Estatística da USP.
No último parágrafo, “se de fatos formos um Estado laico”. Vocês acreditam mesmo que o Brasil é um estado laico? Vocês confundem liberdade religiosa com Estado laico. Eu entendo como estado laico, um país que não tem símbolos de qualquer religião em repartições públicas. O que vejo são presenças de crucifixos espalhados por todas as repartições públicas. Até no STF tem um baita crucifixo pendurado na parede. Até nisso de o Brasil ser considerado Estado laico é uma fake news.
Realmente, leitor, o que você entende por Estado laico não tem a menor importância. Ou, melhor, tem tanta importância quanto o crucifixo no STF para definir o caráter religioso, ou não, do Estado brasileiro: nenhuma. O que importa é que o Estado foi separado de qualquer religião em 1891 – portanto, há 128 anos – no governo do marechal Deodoro da Fonseca.
Eu acho que a humanidade com os estudos o ser humano foi vai ficando mais sem amor com o tal de país laico ou de que viemos de um macaco, isso foi vai ficando a humanidade sem amor e se diz que precisa ter respeito, aí eu pergunto respeito de que da matéria da religião da não religião da não família do cada um pra si, eu vi uma matéria de uma desenhista que ela desenha que todos os seres animais vivente tem semelhanças e mostrou que um frango parece com um ser humano uma onça parece com um ser humano uma girafa parece com um ser humano, mas nunca um animal veio a ter uma mente pensante mas muitos seres humanos tem virado monstros por causa de certas aulas que estudiosos ensinam nas escolas com certas ideologias. Precisamos pregar o amor que Justus Cristo mostrou para a humanidade e pediu faça tudo o digo e faço e Deus o meu pai que está no céu te recomendará. Se vc não acredita em Deus tudo bem mas esse que andou na terra ensinou é pregou pediu fez grandes obras mostrando que é amor faça vc também.
Quer dizer que alguns seres humanos estão virando monstros porque deixaram de ser ignorantes? Caramba! Mas… e o Bolsonaro? Ou o seu guru, Olavo de Carvalho? Apesar das aberrações que proferem, nenhum dos dois deixou de ser um poço de ignorância. A ignorância, portanto, não foi vacina para a monstruosidade. Leitor, nenhum cientista disse até hoje que o homem veio do macaco. Porém, dizia o sábio Millôr Fernandes, que não era cientista, mas humorista, a prova maior que o homem veio do macaco é que alguns ainda estão vindo…
Engraçado que Olavo de Carvalho passou a ser ignorante apenas há alguns meses, né?????
Não, ele sempre foi, leitor. Você é que não sabia.