Enfrentando o agravamento das mobilizações contra sua política de submissão às multinacionais estadunidenses, de privatização, desemprego, arrocho salarial e retirada de direitos, o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández (JOH), decidiu aumentar a repressão escancarando o país à atuação dos marines estadunidenses.
“Não é presidente, é delinquente”, condenaram os hondurenhos, que fecharam estradas e tomaram as ruas da capital, Tegucigalpa, e das principais cidades do interior como San Pedro Sula, Copán, Atlántida, Comyagua e Choluteca, desde o final de abril. Conforme a população, JOH nada mais faz do que buscar no estrangeiro as condições para pôr fim à paralisação dos trabalhadores da saúde e da educação. Isso porque dentro do país as tropas da Direção Nacional de Forças Especiais, também se somaram aos protestos, com uma “greve de fuzis caídos” para alertar contra os reiterados atropelos aos direitos humanos praticados pelo governo.
Sem qualquer freio, na quarta-feira, a violência oficial provocou a morte de mais três manifestantes: Eblin Noel Corea Maradiaga (17 anos), na localidade de Yarumela, e Luis Enrique Maldonado (28) e Erick Peralta (38). Outras 21 pessoas que protestavam foram feridas à bala e também com arma branca.
MARIONETE
Com as “boas-vindas” de JOH e saudações da encarregada de Negócios da Embaixada dos EUA, Heide Fulton, desembarcaram nesta sexta-feira (21) na base aérea José Enrique Soto Cano, em Comayagua, um grupo de “resposta rápida” composto por 300 fuzileiros navais da Força-Tarefa Marítima Aerotransportada do Comando Sul dos Estados Unidos.
“Somos vizinhos e devemos nos apoiar mutuamente”, agradeceu o delinquente, destacando a relevância de “poder contar com este grupo de marines”, ainda mais num momento de crise política e social.
O atual presidente foi sustentado pelos EUA, mesmo a Constituição proibindo a reeleição. Durante a apuração, JOH estava sendo derrotado pelo oposicionista, Salvador Nasralla, quando foi realizada uma “parada técnica”. Reabertas as urnas, o resultado surpreendentemente apareceu invertido. Até mesmo a OEA, sabidamente um biombo pró-EUA, teve de reconhecer que “o processo eleitoral esteve caracterizado por irregularidades e deficiências tais que permite ser qualificado como de muito baixa qualidade técnica e carente de integridade”.
Na cerimônia de sexta-feira o próprio comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, almirante Craig Faller, se fez presente, justificada sob a alegação de que participaria, por seis meses, de “projetos de assistência humanitária” na região. “Temos uma relação de respeito, mas, sobretudo, uma muito forte relação militar com Honduras”, disse Craig.
Frente aos sucessivos atropelos, o dirigente oposicionista Salvador Nasralla entregou uma carta ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pedindo para que se resguarde a integridade dos uniformizados que “estão entrincheirados na Colônia 21 de Outubro, em Tegucigalpa, negando-se a reprimir o povo, como lhes ordena Hernández”.
De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), 65,7% dos 9 milhões de hondurenhos se encontrava nesta situação de precariedade em 2016, o que o coloca entre os países mais pobres do continente.
L.W.S.