O ex-governador de Goiás e ex-senador, Marconi Perillo (PSDB), foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter recebido R$ 17,8 milhões em propina para beneficiar a Odebrecht em obras no Estado.
A denúncia é derivada da operação Cash Delivery, desdobramento da Lava Jato, que identificou o pagamento da propina, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
No dia 10 de outubro de 2018, Perillo foi preso enquanto prestava depoimento na Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Cash Delivery. Mas no dia seguinte a Justiça Federal concedeu habeas corpus ao ex-governador. Apesar de ser liberado, a PF indiciou Marconi Perillo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Junto com Perillo foram denunciados pelo MPF outras quatro pessoas que trabalhavam para ele.
O MPF sustenta na denúncia que em 2014, enquanto governador, Marconi Perillo recebeu R$ 17.808.720,17 da empreiteira Odebrecht, caracterizando o crime de corrupção passiva. O ex-governador pediu a propina diretamente para os executivos da empreiteira afirmando que a utilizaria em sua campanha eleitoral no mesmo ano.
O primeiro pedido foi de R$ 50 milhões. Perillo afirmou que a empresa seria beneficiada em diversas obras e serviços, como na possível obra de Veículo Leve Motorizado (VLT) em Goiânia, obras de saneamento no entorno e concessão de rodovias no estado.
A Odebrecht concordou com o pagamento de R$ 17,8 milhões.
As investigações acerca dos pagamentos a Perillo partiram da delação premiada de ex-executivos da Odebrecht.
O pagamento ao ex-governador acontecia através do Setor de Operações Estruturadas (SOE), o departamento de propinas, da Odebrecht.
É certo que se trata de “movimentação de valores via departamento sofisticado voltado à contabilidade paralela, cujo funcionamento dependia da atuação de complexa organização criminosa constituída de executivos da Odebrecht, funcionários do SOE, operadores de pagamento, agentes políticos, operacionalizadores vinculados aos beneficiários e agentes que efetivamente pegavam/recolhiam/buscavam os valores em espécie”, afirma o MPF na denúncia.
RÉU
Às vésperas da eleição no ano passado, a 8ª Vara Criminal de Goiânia aceitou uma denúncia contra Perillo, então candidato ao Senado.
Perillo é acusado de receber propinas da empreiteira Delta por favorecer contratos da empresa com o poder público. No mesmo esquema, foram denunciados o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o ex-presidente do Conselho de Administração da Delta, Fernando Cavendish e o ex-diretor regional da empresa, Cláudio Abreu.
A Delta era ligada a Cachoeira, que ameaçou até romper com Perillo caso o monopólio da empreiteira em Goiás junto ao governo não fosse mantido. A Delta foi mantida por Perillo que disse a interlocutores de Cachoeira que foi mal interpretado em um discurso.
Em 2012, durante a Operação Monte Carlo – que investigou uma organização criminosa que explorava máquinas caça-níqueis e jogos de azar em Goiás – investigações da PF mostraram grande ligação entre o então governador tucano (segunda passagem, 2011-2018) e o contraventor Carlinhos Cachoeira.
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