Na quarta-feira (26), os moradores da cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, importante centro administrativo e universitário, 18 mil casas estavam há mais de 80 horas sem luz e com falta de água.
Com mais de 750 mil habitantes, La Plata é a quarta cidade mais populosa do país e o quinto aglomerado urbano com mais habitantes, depois de Buenos Aires, Córdoba, Rosário e Mendoza.
Milhares de pessoas continuam sem luz em importantes cidades e regiões da Argentina, depois que o país inteiro ficara sem energia elétrica por um apagão generalizado no último dia 16, que também deixou sem este serviço o Uruguai.
“Tem zero presença do Estado, fora os policiais que enviaram para controlar os protestos. Nem a governadora Maria Eugenia Vidal nem o prefeito Julio Garro se dignaram a dar uma explicação aos usuários. Então, entre nós e a empresa, que foi privatizada, só nos resta isto, um movimento comunitário, organizado, para denunciar o que acontece. Só assim o governo vai fazer alguma coisa”, declarou Pablo Díaz, docente e manifestante, enquanto a fumaça dos pneus queimados e as fogueiras acessas pela multidão tomavam conta das ruas de La Plata, segundo o jornal Página 12.
Na entrada da capital provincial, no Camino Centenario, uma multidão de trabalhadores, comerciantes, estudantes, donas de casa, ocuparam as ruas para exigir respostas ao governo local, ao provincial, à empresa Edelap, a cargo do serviço, que depois de privatizada não só não tem investido na rede, como sequer tem realizado nenhuma manutenção, segundo declarações dos manifestantes.
Os apagões também afetam a maioria dos bairros de Rosário, a segunda cidade industrial do país, na província de Santa Fe, em um ambiente tenso pelo fechamento de fábricas médias e grandes nos últimos dias. E várias cidades próximas da fronteira com o Uruguai também sofrem a falta de luz. Milhares de pessoas nas ruas expressam sua descrença no governo que não toma nenhuma providência frente ao desastre.
Os apagões são considerados de uma proporção inédita e acontecem quando a política econômica neoliberal de Mauricio Macri levou o desemprego na Argentina a seu nível mais alto em treze anos: 10,1%, o que significa que atinge 2.133.000 de pessoas.
Para piorar a situação, se registrou um aumento dos preços ao consumidor de 3,1% no mês de maio e estima-se em 57,3% a inflação interanual. Já os reajustes salariais previstos para este ano pelos sindicatos devem ficar em 25% em média, bem abaixo da inflação.