A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu para o Supremo Tribunal Federal (STF) que envie o inquérito contra a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, para a 13ª Vara Federal de Curitiba.
Durante seu mandato como senadora pelo PT do Paraná, que aconteceu entre 2011 e 2018, Gleisi Hoffmann e seu marido foram acusados de receber propina em contratos e serviços da Petrobrás, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Junto com Hoffmann e Paulo Bernardo foram denunciados os ex-presidentes Lula e Dilma e Antônio Palocci, Guido Mantega e João Vaccari Neto. Somente o inquérito contra Hoffmann e seu marido permaneceram no STF em razão de foro privilegiado, os demais foram transferidos para o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento de Lula (22 de março de 2005 a 1 de janeiro de 2011) e ministro das Comunicações da gestão Dilma Rousseff (1 de janeiro de 2011 a 1 de janeiro de 2015). Ex-senadora, agora deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann foi ministra da Casa Civil de Dilma (de 8 de junho de 2011 a 2 de fevereiro de 2014).
Agora, porém, Gleisi exerce o cargo de deputada federal, o que configura o chamado “mandato cruzado de parlamentar federal”. Por ter cometido os crimes enquanto exercia outro cargo no parlamento Gleisi perde seu foro privilegiado, argumenta Raquel Dodge no documento enviado ao STF.
Dessa forma, o inquérito pode ser enviado para a 13ª Vara Federal de Curitiba, agilizando o processo.
O documento de Dodge afirma que “o núcleo político da organização criminosa de integrantes do PT que, além de ter desviado, em seu favor, vultosa quantia de recursos dos cofres da Petrobras, criou, no âmbito desta empresa, um complexo esquema ilícito que propiciou que os partidos políticos aliados também engendrassem seus próprios atos de corrupção e lavagem de dinheiro, tudo em detrimento da referida empresa estatal”.
“Os integrantes desta organização criminosa ‘lotearam’ os cargos públicos estratégicos da Petrobras, distribuindo-os a pessoas já de antemão comprometidas com a arrecadação da vantagem econômica indevida [propina], indicadas ora pelo próprio PT, ora por partidos políticos aliados, em especial pelo PMDB e PP”, diz o documento da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Relacionadas: