A nacionalização e reestatização das empresas responsáveis pela extração de petróleo e gás, pela produção de metais como o estanho, nióbio e outros setores estratégicos, além dos serviços de comunicação, eletricidade e transportes promovidas pelo governo de Evo Morales, permitiu ao Estado boliviano ganhar recursos da ordem de 67 a 74 bilhões de dólares no período 2006-2017. Essas informações constam de um estudo realizado pela Unidade de Debates Econômicos do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG), que mostra os impactos dessas políticas.
Como constata o estudo, a Bolívia teria deixado de criar riqueza econômica pelo valor de até 74 bilhões de dólares sem uma política soberana e eficaz de estatização de suas riquezas naturais estratégicas. Essa cifra equivale a dois Produtos Internos Brutos do ano 2017. As políticas de nacionalizações significaram um ingresso adicional per capita de 6.100 a 6.700 dólares ao longo do período de tempo analisado.
“A experiência da política econômica boliviana durante o governo de Evo Morales demonstra as falácias de muitas das pressuposições com as que a Economia neoclássica insiste até a fartura. Uma delas é que subir o salário mínimo destrói empregos. Outra é que os países com políticas sociais generosas têm problemas de inflação e depreciação de suas moedas. Outra, que o investimento público desloca o investimento privado”, assinala o Informe da CELAG.
Cabe frisar que, no que diz respeito ao emprego, as estatizações permitiram que a economia boliviana criasse 670.000 postos de trabalho que não teriam existido sem essa política.
Um exercício de simulação proposto pelos investigadores da CELAG estabelece que com as nacionalizações se originou um efeito de retenção de recursos que, com anterioridade às políticas do Executivo presidido por Morales, saiam do país em forma de lucros. O estudo estima que a poupança em divisas por este conceito ao longo destes doze anos foi de 45% do PIB.
A partir de 2006 foram reestatizadas a Jazidas Petrolíferas Fiscais Bolivianas, YPFB; a maior mina de estanho, Huanuni; a Empresa Nacional de Telecomunicações, ENTEL; as empresas elétricas de todas as cidades do país, e a produção de outros metais.
Os autores do estudo concluem que a política de recuperação da propriedade dos setores estratégicos foi chave para atingir resultados econômicos positivos. A Bolívia foi o país sul-americano com maior crescimento nos anos 2009, 2014, 2016 e 2018, sua moeda é uma das mais fortes do continente, todos os indicadores socioeconômicos têm melhorado acima da média, incluído o salário – o salário mínimo boliviano equivalente a 1200 reais já é maior que o de seus vizinhos Brasil, Peru e Argentina. A Bolívia fechou 2018 com uma inflação de 1,5%, uma das mais baixas da última década, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).