O deputado nacional da Frente para a Vitória e secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), Hugo Yasky, afirmou no domingo (30) que o acordo firmado pelo governo Macri e pelos demais países do Mercosul (Brasil, Paraguai e Uruguai) com a União Europeia “dificilmente será avalizado”, pois força a “reprimarização”, desindustrializando as economias do bloco.
“O Congresso argentino dificilmente avalizará esse acordo firmado pelo governo, e eu vou fazer de tudo possível para que não seja aprovado”, assinalou o deputado e líder sindical em Mar del Plata, onde participou da Semana Social da Igreja católica. Para Yasky, “é um tratado que destruirá a possibilidade de gerar empregos e prejudicará as nações que buscam ter algum grau de desenvolvimento industrial”.
Na avaliação do parlamentar, “é necessário aprofundar o debate, e sobretudo fazê-lo de forma que sirva a informar a sociedade sobre as implicações de medidas que tendem a reprimarizar a economia”. No caso argentino, destacou, “nós vamos poder exportar algumas matérias-primas e a União Europeia vai ter a possibilidade de nos inundar com manufaturas, desde automóveis até tecnologia”. E exemplificou: “as empresas automotrizes que estão produzindo aqui são em sua maioria europeias e simplesmente vão deixar de fabricar, pois não terá sentido seguir com o negócio se poderão trazer o veículo acabado, sem pagar impostos. São aspectos negativos que vão provocar muito prejuízo a toda a região”.
Para o dirigente argentino, haverá reação popular ao acordo à medida em que as pessoas sejam informadas do retrocesso que significa: “acredito que no parlamento brasileiro e em todo o Brasil vai ocorrer o mesmo debate, estou seguro de que os setores industrialistas rechaçam este acordo”.
A aprovação por parte dos parlamentos dos quatro países membros do Mercosul, assim como do Parlamento Europeu, é um requisito essencial para que o acordo possa ser concretizado.