Um juiz federal da Cidade do México emitiu mandados de prisão contra o ex-diretor da Petroleos Mexicanos (Pemex), Emilio Lozoya Austin, três de seus familiares e uma empresária do ramo imobiliário, relativos a propinas recebidas criminosamente da Odebrecht.
O padrão dos subornos era o mesmo praticado – e assumido – pela empresa brasileira na Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, Panamá, Peru e Venezuela, na América Latina, e em Angola e Moçambique, na Àfrica, envolvendo centenas de milhões de dólares.
De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), a “formação de quadrilha” envolve além de Emilio, Marielle Helene Eckes (esposa), Gilda Margarita Austin (mãe), Gilda Susana Lozoya (irmã) e a “empreendedora imobiliária” Nelly Maritza Aguilera Concha. Todos os cinco ampla e generosamente beneficiados pelos contratos ilegais e milionários com a Odebrecht.
“Este caso, tão grave para a imagem do país, para a sua respeitabilidade e confiança, foi iniciado pela Procuradoria Geral da República em 2017 e até o momento não havia dado resultado”, lembrou Alejandro Gertz Manero, no dia 6 de maio, quando completou 100 dias à frente da instituição ministerial.
Nesta semana, a Procuradoria formalizou a solicitação para que policiais de 180 países possam colaborar na localização e detenção de Lozoya e dos demais membros da quadrilha.
Lozoya, que dirigiu a Pemex de 2012 a 2016, foi um dos colaboradores mais próximos do ex-presidente Eneique Peña Nieto (2012-2018) e enfrenta há um mês outra ordem de prisão por “lavagem de dinheiro”. No primeiro caso, Lozoya estaria envolvido diretamente com a compra de uma siderúrgica pelo valor de US$ 500 milhões, denunciado como excessivo, e que lhe teria possibilitado a compra de uma residência luxuosa.
Segundo informações da PGR, no último ano foi concluída a entrega das informações financeiras das instituições bancárias sediadas na Suíça e, dois meses atrás, foram efetuados interrogatórios a membros da Odebrecht relacionados à suposta entrega de 13 milhões de dólares para Lozoya. Durante a gestão de Lozoya, em apenas uma das negociatas, a Pemex comprou da Altos Fornos do México uma fábrica de fertilizantes a um preço 10 vezes superior ao seu valor.
No caso mexicano, por crimes anteriores, a Odebrecht já estava inabilitada de participar “em procedimentos de contratação ou de celebrar qualquer contrato” com a administração pública federal, empresas estatais ou subsidiárias, e mesmo com governos estaduais quando utilizarem recursos federais.
Também arrecadador da campanha de Peña Nieto, Lozoya recebeu da empresa brasileira propinas de pelo menos US$ 10 milhões para que a construtora brasileira – vitaminada com recursos públicos do BNDES – ganhasse contratos fraudados para realizar diversas obras no país. Como retribuição, também seria repassado à empresa os negócios de água e eletricidade no Estado de Vera Cruz, para o qual a Odebrecht recebeu inclusive diversas autorizações do governo federal mexicano.
Os dólares do suborno foram pagos no próprio México, conforme testemunharam aos fiscais da Lava Jato os ex-diretores da Odebrecht Luis Alberto de Meneses Weyll, Luiz Mameri e Hilberto da Silva, citando pormenores como datas, nomes, quantias e contas bancárias.