Juiz da Lava Jato defende fim do foro privilegiado e incomoda a bandidagem
O juiz Sérgio Moro foi o principal homenageado, na terça-feira, durante a entrega do prêmio “Brasileiros do Ano”. O magistrado foi intensamente aplaudido. A calorosa acolhida contrastou com o constrangimento causado por Michel Temer e membros de sua equipe, que se negaram a prestigiar o juiz, evidenciando o incômodo do governo com a operação de combate à corrupção. O juiz dividiu o palco com Temer e o ministro Moreira Franco (PMDB), ambos denunciados pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. O ministro Henrique Meirelles estava entre os convidados. O magistrado foi aclamado ao fazer a defesa do fim do foro privilegiado, o que causou novo constrangimento à trupe palaciana.
O juiz Sérgio Moro foi o principal homenageado, na terça-feira (5), durante a entrega do prêmio “Brasileiros do Ano”, promovida pela revista ‘IstoÉ’, realizada em São Paulo. Responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância, o magistrado foi intensamente aplaudido.
A calorosa acolhida contrastou com o constrangimento causado pelo presidente Michel Temer e membros de sua equipe, que se negaram a prestigiar o magistrado, evidenciando o incômodo do governo com a operação de combate à corrupção.
O juiz dividiu o palco com o presidente e o ministro Moreira Franco (PMDB), ambos denunciados pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. O presidente do Senado e aliado de Temer, Eunicio Oliveira (PMDB/CE), alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, também ocupava o lugar de honra. O ministro Henrique Meirelles estava entre os convidados.
Além deles, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM); e o candidato ao governo de São Paulo em 2014, Paulo Skaf (PMDB), ambos citados na colaboração premida de executivos da Odebrecht. Outro citado por colaboradores era o ministro Helder Barbalho.
Antes do discurso de Moro, Temer, Moreira Franco, Meirelles e Eunício foram os únicos a não se levantar para aplaudir o juiz, quando ele foi chamado para receber seu prêmio. Os outros 20 nomes no palco ficaram de pé.
Moro defendeu, mais uma vez, que condenados na segunda instância devam ser presos. O juiz inclusive sugeriu que o tema fosse tratado como “política de Estado”. “Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar o seu poder para influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado”, disse.
Ele pediu ainda que Temer reforce a luta contra a corrupção e cobrou mais verbas para combater o crime organizado, sugerindo que os recursos poderiam ser liberados por Meirelles. “Pedindo a devida vênia ao ministro Meirelles, vejo que os investimentos são necessários para o refortalecimento da Polícia Federal. O investimento do Estado contra a corrupção traz seus frutos”, disse.
O magistrado foi ovacionado ao fazer a defesa do fim do foro privilegiado, o que causou novo constrangimento à trupe palaciana. Temer, Eunício e Moreira Franco, mais uma vez, foram os únicos a não aplaudir. “É necessária a revisão do instituto do foro privilegiado. Primeiro porque ele é contrário ao princípio fundamental da democracia que é o princípio do tratamento igual”, disse o magistrado. “Seria relevante eliminar completamente o foro ou trazer uma restrição ao foro. Não quero esse privilégio para mim”, afirmou Moro.