“Que bancadas evangélicas queiram promover fraude fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, eu entendo: elas estão ali para isso mesmo”. “Agora, que o presidente promova esses crimes é algo extraordinário e nunca antes isso ocorreu no Brasil”
O diplomata Paulo Roberto de Almeida criticou em seu blog a decisão do governo Bolsonaro de flexibilizar no último mês as normas para a prestação de contas de igrejas atendendo pedidos da bancada evangélica.
“Governo esquizofrênico: promove evasão e elisão fiscal”, afirmou o diplomata. Para Paulo Roberto de Almeida, “o que está acontecendo no governo, no Executivo, na Presidência, é propriamente extraordinário”.
Os pastores reclamaram a Bolsonaro, Paulo Guedes (ministro da Economia) e Marcos Cintra (secretário especial da Receita Federal) da suposta burocracia ligada à prestação de contas das igrejas. Como resultado disso, em junho, duas normas foram publicadas no Diário Oficial da União para aliviar as prestações de contas deles.
“Que bancadas evangélicas queiram promover fraude fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, eu entendo: elas estão ali para isso mesmo”. “Agora, que o presidente promova esses crimes é algo extraordinário e nunca antes isso ocorreu no Brasil”.
“Esse homem está desmantelando as instituições e se orgulha disso. Inacreditável”, afirmou o diplomata.
Em março, o diplomata foi demitido do Itamaraty pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) por criticar o guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, e a atual política externa brasileira.
A gota d’água aconteceu quando Olavo de Carvalho disse que “o período de nosso maior comércio com a China foi também o de maior decadência social, econômica, política e moral do Brasil”. O diplomata rebateu classificando a declaração como uma “olavice debiloide” e uma “demonstração explícita de debilidade mental”.
“Aparentemente, esse mesmo blog, que me serviu como quilombo de resistência intelectual durante os anos do lulopetismo diplomático, abriu a justificativa, agora, para minha exoneração, pelo fato de ter postado artigos críticos à política externa atual — do ex-ministro Rubens Ricupero, e ex-chanceler, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — juntamente com um artigo do próprio chanceler atual, e convidando a um debate sobre a diplomacia corrente”, disse Paulo Roberto de Almeida, em seu blog, ao explicar na época sua demissão do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), ligado ao Ministério de Relações Exteriores (MRE).