O Equador se encontra paralisado desde segunda-feira (15) até a sexta-feira (19) contra a submissão ao pacote do Fundo Monetário Internacional (FMI) – materializado em medidas neoliberais de arrocho, desemprego e corte de direitos – e a entrega das Ilhas Galápagos “como porta-aviões aos Estados Unidos”. Entre as principais bandeiras que ganharam destaque nas faixas e cartazes estão “o repúdio às privatizações das empresas públicas, às demissões massivas e ao aumento das tarifas públicas básicas”, medidas que vêm oprimindo o povo.
De forma unitária, trabalhadores do campo e da cidade, com o apoio de organizações comunitárias e juvenis condenaram a “politicagem” e os “pseudo-dirigentes” e fizeram valer o “direito à resistência”, contemplado no artigo 95 da Constituição da República equatoriana, para “frear a entrega do presidente Moreno aos ditames dos banqueiros e cartéis internacionais”.
Diante da crescente resistência dos manifestantes, que paralisaram as principais rodovias e avenidas do país desde as primeiras horas de segunda-feira, a ministra do Interior, María Paula Romo, ameaçou publicamente de perseguir e reprimir os dirigentes que não se dobrarem às imposições do estrangeiro.
“De nada adiantam as ameaças. A paralisação nacional se fortalece. Agricultores, indígenas, comerciantes, trabalhadores dos diversos ramos, todos nos somamos nesta jornada de luta contra este governo neoliberal, o cartel dos meios de comunicação e a ingerência do FMI”, declarou Richard Intriago, presidente do Movimento Nacional Camponês, destacando a amplitude da resistência, que ganha força contra o avanço do extrativismo mineiro e petroleiro irresponsável e altamente poluente. “Estamos unidos para repudiar políticas agrárias que somente beneficiam aos latifundiários e às transnacionais, para defender a natureza, a água e a vida”, acrescentou.
“Tentando tapar o sol com um dedo”, denunciou a coordenação do movimento, o Fundo Monetário Internacional aprovou em março um empréstimo de US$ 4,2 bilhões com o objetivo de impulsionar as traições e retrocessos anunciados por Moreno para a educação, segurança, emprego e democracia, entre outras áreas sensíveis, durante os próximos três anos.