“A política dos Estados Unidos para o Oriente Médio está criando uma situação perigosa, onde bastaria uma faísca para acender o fogo”, alertou o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov.
Em entrevista ao jornal russo, Agumenti i Fakti, na quarta, dia 17, Lavrov advertiu que o roteiro norte-americano para a sensível região a aproxima de uma situação explosiva.
“O atual aumento das tensões no Oriente Médio é consequência direta da política convulsa anti-iraniana por parte de Washington e seus aliados. Os Estados Unidos, além de exibirem músculos e lançar uma campanha para desprestigiar o Irã, agora o trata como culpado de todos os pecados”, prosseguiu.
O diplomata russo destacou ainda que o Irã tem reafirmado, nos encontros com seu governo, que aposta na busca pela estabilidade na região, através do diálogo com todos os países envolvidos e interessados, incluindo as nações árabes do Golfo Pérsico, a exemplo da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Além disso, frisou Lavrov, “Teerã mostra que não tem intensões agressivas e a Rússia tem se esforçado para conseguir a distensão na região mediante um plano de trabalho buscando garantir a segurança coletiva na zona do Golfo Pérsico. O plano prevê a resolução escalonada de situações que podem conduzir a conflito, junto com medidas capazes de promover o controle e construir confiança. Buscamos nos associar a estes países na preservação dos acordos multilaterais, pois somente assim se pode normalizar a situação em torno do programa nuclear iraniano”.
Já Trump dá declarações contraditórias. Um dia anuncia que está aberto a negociações com o Irã e no dia seguinte diz que as sanções contra o Irã serão “elevadas substancialmente”. As tensões entre Irã e Washington se elevaram durante o ano passado, quando Estados Unidos retirou-se unilateralmente do acordo conjunto que permite ao Irã o desenvolvimento de tecnologia e energia nucleares para fins pacíficos e, além disso, recrudesceu as sanções econômicas contra o Irã.
A retirada unilateral norte-americana do acordo é, inclusive, uma violação do Conselho de Segurança da ONU que o referendou através de resolução.
Agora, Trump e seus auxiliares na Casa Branca pressionam e ameaçam outros países, em especial os europeus, com retaliações caso não se dobrem às sanções norte-americanas.
Israel vem atuando nas conversas com o governo norte-americano, com outros países, incluindo os países árabes do Golfo e até o governo brasileiro, no sentido de jogar o máximo de nações contra o Irã. Uma política nociva e de hostilidade que só ajuda ao fomento de uma nova guerra na região.
Netanyahu chegou a levar um desenho quase infantil de uma bomba atômica à Assembleia Geral da ONU para dizer do suposto perigo que é o Irã produzir a bomba, enquanto que a posse por Israel – como único país do Oriente Médio – de centenas de ogivas nucleares, há algum tempo virou um segredo de polichinelo.
O Irã respondeu à arenga israelense e norte-americana sobre sua produção de mísseis. O ministro do Exterior iraniano, Javad Zarif, afirmou que o país está disposto a discutir sua produção de mísseis, desde que os Estados Unidos suspendam a venda de armas a países que hostilizam o Irã na região. O governo iraniano tem sofrido pressões israelenses porque sua presença e política na região tem desafiado o hegemonismo israelense, sendo o país mais bem equipado militarmente e um dos governos mais constantes na solidariedade aos palestinos em luta por seus direitos reconhecidos pela ONU.