A Procuradoria-Geral do México (PGR) informou que intimou o ex-diretor da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), Emilio Lozoya, a depor sobre os subornos pagos pela Odebrecht no México e que estão sob investigação.
Lozoya, diretor-geral da Pemex entre 2012 e 2016 e ligado ao presidente Enrique Peña Nieto, teria recebido 10 milhões de dólares da Odebrecht em troca de favorecer o grupo em futuras concorrências públicas. Em uma das transações, o executivo ofereceu a diretores da construtora no México “operar no Conselho de Administração” da Pemex para que a empresa “obtivesse um contrato para a reorganização da refinaria Miguel Hidalgo, na cidade de Tula, no estado de Hidalgo”, afirmou Luis Alberto Meneses de Weyll, ex-diretor da Odebrecht no México, na segunda parte do vídeo de sua colaboração premiada que foi divulgado na terça-feira, dia 5. Em troca dessa operação relacionada com a cidade de Tula, a construtora se comprometeu a pagar a Lozoya 6 milhões de dólares em duas partes: 2 milhões como demonstração de agradecimento prévio à atuação de Lozoya no Conselho e 4 milhões uma vez obtido o contrato, sempre de acordo com a declaração de Meneses.
O ex-funcionário, que foi diretor da Odebrecht entre 2010 e 2017, está detido no Brasil e responde ao juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações, como colaborador premiado.
“Penso que a orientação do diretor geral do Conselho da Pemex foi determinante para obter o contrato”, disse Meneses nessa gravação ante os promotores brasileiros e que forma parte de vídeos obtidos por Quinto Elemento Lab, organização mexicana que forma parte da Rede de Investigações Jornalísticas Estruturadas.
Diante do aparecimento de um vídeo onde o ex-diretor da Odebrecht no México incrimina e acusa diretamente a Emilio Lozoya Austin, ex-titular de Pemex, de ter recebido subornos de cerca de 10 milhões de dólares da empresa brasileira e afirma ainda que esses recursos se destinaram à campanha do presidente Enrique Peña Nieto nas eleições de 2012, o Partido do Trabalho do México exige à Procuradoria Geral da República que destrave a investigação e se condene aos responsáveis .
O integrante da Comissão Executiva Nacional do Partido do Trabalho, Alberto Anaya Gutiérrez, pediu que a investigação chegasse até suas últimas conseqüências, porque o caso Odebrecht é só um reflexo da corrupção e impunidade que impera no país.
SUSANA SANTOS