Na terça-feira (23), quatro pessoas foram presas na operação Spoofing, da Polícia Federal, sob suspeita de hackear os telefones de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outras autoridades. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreensão e 4 de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os quatro presos são da cidade de Araraquara, interior de São Paulo e foram transferidos para Brasília.
O operação que prendeu os quatro suspeitos foi batizada de “Spoofing”. Segundo a PF, o termo se refere a uma “falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa, fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é”.
De acordo com o juiz Vallisney de Oliveira, de Brasília, que autorizou a operação, há “fortes indícios” de que os suspeitos formaram uma organização para violar o sigilo de autoridades. Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan também foi alvo do grupo.
Um dos presos é Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos. Era DJ e já foi preso por receptação e falsificação de documentos. Ele foi condenado em 2015 a cumprir seis anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto. Outra presa é Suelen Priscila de Oliveira, que é esposa de Gustavo. Suelen não tinha passagem pela polícia.
O casal não tinha filiação partidária, segundo o advogado de defesa, Ariovaldo Moreira. Questionado se seu clientes teriam alguma vinculação ou simpatia partidária, Ariovaldo respondeu. “Ele [Santos] me disse: ‘Rapaz, eu detesto isso’”. O advogado disse que seu cliente já foi a uma passeata de Bolsonaro e a filmou com um drone. Mas afirmou que ele não é apoiador do presidente.
O terceiro preso é Walter Delgatti Neto, de 30 anos, conhecido como “vermelho”. Foi preso em 2015 por falsidade ideológica e em 2017 por tráfico de drogas e falsificação de documentos. Ele já foi condenado por usar o cartão de crédito de outra pessoa, tráfico, estelionato e falsificação.
Com ele foram apreendidos comprimidos de um medicamento com venda proibida, além de uma carteirinha de estudante de medicina da USP com a foto dele e dados pessoais de outra pessoa. Degatti se filiou ao DEM em 2007, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O quarto preso é Danilo Cristiano Marques. Ele é amigo de Delgatti Neto e já teve condenação por roubo, segundo a PF.
Em seu depoimento à PF, na noite de terça-feira (23), Walter Delgatti Neto, considerado o líder do grupo, confirmou aos investigadores ter sido responsável pela invasão dos celulares de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outras centenas de autoridades dos três poderes. Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira, delegados da Polícia Federal confirmaram as prisões e detalharam as operações de busca e apreensão. Os integrantes do grupo continuam presos em Brasília.