Os três maiores bancos privados operando no Brasil – Itaú, Bradesco e Santander – alcançaram juntos um lucro líquido de R$ 17,131 bilhões no segundo trimestre do ano. Um aumento de 17,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 14,568 bilhões.
Nenhum índice econômico teve desempenho que se aproxime desse percentual de crescimento. No caso do Itaú, que divulgou seus resultados ontem (29), o valor de R$ 7,034 bilhões foi 10,2% maior que o resultado do mesmo período do ano passado. O Bradesco reportou ganhos, excluindo as despesas extraordinárias, de R$ 6,462 bilhões – 25,2% maior que no segundo trimestre de 2018. Já o espanhol Santander, que na Europa teve perda de 18%, no Brasil obteve lucro líquido aumentado em 20,2%, alcançando R$ 3,635 bilhões.
Os próprios bancos, em seus relatórios de economia de mercado, revisaram as suas estimativas para 2019, prevendo agora crescimentos do PIB (Produto Interno Bruto) que não ultrapassam os 0,8%. Ao contrário da economia e a despeito da crise, os bancos continuam desfilando estupendos resultados.
A receita é ampliar as operações de crédito, especialmente para pessoa física, contornando a crise pela qual passam as empresas e lucrando com quem recorre a empréstimos, ao cheque especial e ao cartão de crédito para enfrentar o arrocho dos salários e a falta de trabalho.
Taxas de juros ultrapassam 300%
Um relatório divulgado na sexta-feira passada pelo Banco Central (BC) informa que as taxas de juros do cartão de crédito e do cheque especial subiram em junho e ultrapassaram os 300%. O juro médio do cartão de crédito (rotativo) passou, de maio para junho, de 299,8% para 300,1%. Já o juro cobrado pelo uso do cheque especial avançou de 320,9% para 322,2% no período.
Em ambos os casos, a taxa cresceu também no primeiro semestre: 14,7 pontos percentuais para o cartão de crédito e 9,6 pontos para o cheque especial.
Para a cobrança de taxas de operação de crédito que beiram a agiotagem, os bancos praticam taxas de juros extorsivas. E assim batem recordes históricos de lucros a cada ano.
Esta não é a única forma de lucrar dos bancos, no entanto, os três – Itaú, Santander e Bradesco – atribuíram os resultados do trimestre ao aumento das operações de crédito para pessoa física, crescimento da carteira de crédito para pessoa física e receitas com tarifas e serviços.
“A tendência segue com os segmentos de pessoa física e financiamento ao consumo apresentando desempenho superior ao da carteira de crédito total, com crescimento de 18,0% e 17,2% em doze meses, respectivamente”, apontou o Santander no seu relatório. Para o Bradesco, no trimestre encerrado em junho, as operações de crédito para pessoa física tiveram aumento de 14,8% comparado ao ano anterior.
A rentabilidade sobre o patrimônio (retorno aos acionistas) foi grande para os três bancos: 20,6% na operação do Bradesco, 23,5% na do Itaú e de 21,3% nas operações do Santander no Brasil. Este último já é responsável por 29% de todo o lucro da operação global do espanhol Santander.