Na última segunda-feira (12) centenas de estudantes realizaram uma manifestação na Câmara Municipal Porto Alegre contra a retirada do meio-passe na cidade. Os estudantes participaram da reunião da Comissão Especial que avalia o pacote de propostas do prefeito Nelson Marchezan (PSDB) para o transporte público, enviadas ao Legislativo em julho passado.
Na reunião, a presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa), Vitória Cabreira, criticou a falta de diálogo de Marchezan, e afirmou que a imposição de uma limitação de renda para a obtenção do meio-passe em três salários por família não tem base científica e que os projetos são contraditórios porque não propõe a redução dos valores das tarifas, caso sejam aprovados. “A evasão de usuários se dá não em razão dos benefícios, mas pela falta de qualidade e rapidez dos ônibus, de segurança dentro e fora dos coletivos, e pelo alto preço da passagem que, com o fim do meio passe, fará com que muitos estudantes deixem o sistema”, afirmou.
Vitória lembrou que na reunião anterior o presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) afirmou que, segundo as projeções da empresa, de todos os estudantes que perderiam o direito 50% pararia de usar o transporte. A presidente da entidade afirmou que a suspensão do meio-passe estudantil vai levar ao aumento da evasão escolar e redução da qualidade de vida das pessoas, já que as famílias terão que arcar com um maior custo.
Nelson Marchezan também propôs a extinção do meio-passe para estudantes de cursos supletivos, pré-vestibulares e profissionalizantes, limitação de 50 passes estudantis mensais, e proibição de meio-passe aos domingos e feriados, o que deixará os estudantes sem acesso a aulas no turno inverso, já que em muitas escolas da cidade as aulas de educação física fora do período normal, e dificultará o acesso a cinemas, teatros, museus e outras atividades.
O governo também quer retirar entidades estudantis o controle de emissão de carteiras. Para a UMESPA a “estratégia do prefeito é enfraquecer a mobilização dos jovens para debate político e social. Ele quer nos manter longe do Centro e impedir que sejamos ativistas políticos em defesa da sociedade. O projeto revoga toda a legislação já existente, causando uma insegurança na aprovação da lei, é como se a Câmara aprovasse um cheque em branco para o prefeito”.