15 integrantes de uma missão da ONU na região leste da República Democrática do Congo (RDC – capital Kinshasa), os chamados capacetes azuis, morreram na quinta, dia 7, quando a base da ONU foi atacada por um grupo de fanáticos que se denominam Forças Aliadas Democráticas (FAD).
Os soldados morreram em combate que durou 13 horas, quando as forças da ONU defenderam a base que fica a 45 quilômetros da cidade mais próxima a de Beni. Outros 53 ficaram feridos
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres condenou “o ataque odioso e ultrajante, o pior sobre missão de paz da ONU na recente história da organização”.
A maioria dos soldados é da Tanzânia. O embaixador da Tanzânia no Congo e representantes da ONU foram à região no final de semana.
O presidente da vizinha República do Congo (RC – capital Brazzaville), Denis Sassou Nguesso conclamou os países africanos vizinhos a aprofundarem a colaboração e a atuarem contra os terroristas em ações que cruzam as fronteiras. Nguesso tratou da questão na 7ª Cúpula dos Chefes de Estado e Governos durante a Conferência Internacional da Região dos Lagos, realizada em Brazzaville. Ele assume a presidência do órgão prometendo “criar as condições necessárias para o diálogo e para que a paz seja impulsionada na Reigão dos Lagos”.
Nguesso reconheceu de público que o mandado do presidente Joseph Kabila teve que ser estendido devido a situação de instabilidade criada no país.
O presidente Kabila e o presidente João Lourenço, de Angola também compareceram à cúpula. Kabila, Lourenço e Nguesso, cujas nações fazem fronteira entre si, firmaram documento conjunto declarando as FAD como organização terrorista e pedindo à comunidade internacional que o faça e contribua para que esta e outras facções terroristas sejam debeladas. Também estavam presentes ao evento Paul Kagame que dirige Ruanda, Faustin-Archange Touadera da República Centro-Africana e Edgar Lungu de Zâmbia.
O lema da cúpula é “Implementação Acelerada do Pacto para Facilitar a Estabilidade e o Desenvolvimento da Grande Região dos Lagos”.
Sassou Nguesso vai dirigir a organização que também inclui Burundi, Quênia, Uganda, Sudão e Sudão do Sul e a Tanzânia, nos próximos quatro anos, sucedendo a presidência de Angola.
O general da Tanzânia, James Mwakibolwa, relatou os embates que levaram 13 horas na defesa da base da ONU.
Foi o pior ataque em termos de vidas humanas desde o de 1993, quando morreram 24 soldados capacetes azuis paquistaneses na Somália.
Em seu artigo de 2016, China versus EUA Congo e na África Central, Andrew Korybko, membro do Instituto de Estudos Estratégicos e Previsões da Universidade Russa da Amizade dos Povos destaca que “o acordo realizado com o governo congolês sobre a exploração da mina de Tenke, de cobalto, iria contribuir para garantir sua participação de 62% no mercado mundial de baterias e dar a China a possibilidade de uma posição líder no emergente mercado de carros elétricos”.
Além do cobalto, um outro produto essencial para o funcionamento de aparelhos celulares e eletrônicos em geral, o coltan (columbita-tantalita), está com forte presença mineral no Congo que abriga 70% das reservas estimadas mundialmente.
Koribko aponta para o fato de que o Congo abriga jazidas minerais entre as mais ricas do planeta, o coloca “no centro de uma nova guerra fria encabeçada pelos Estados Unidos” e que isso pode “mergulhar o país em conflitos catastróficos”. E adiante afirma que “os Estados Unidos podem querer jogar o país no caos”.