
“Nós devemos lutar por mudança. Nesta semana, tive a honra de representar os Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos, levando para casa um ouro e um bronze. Meu orgulho, no entanto, foi cortado pelos múltiplos problemas do país que tenho em meu coração. Racismo, falta de controle de armas, maus-tratos a imigrantes e um presidente que espalha o ódio, estão no topo de uma longa lista”, declarou, na sexta-feira, dia 9, o esgrimista Race Imboden após colocar um joelho no chão no momento em que recebia a medalha de ouro e o hino dos Estados Unidos era executado, durante os Jogos Pan-Americanos, deste ano, realizados na cidade peruana de Lima.
“Escolhi sacrificar meu momento no pódio”, acrescentou Imboden, “para chamar a atenção para questões que acredito que precisam ser abordadas. Encorajo outros a usar suas plataformas para uma mudança”.
No dia seguinte, foi a vez da lançadora de martelo, Gwen Berry, lavrar o seu protesto erguendo a mão esquerda em punho fechado durante a recepção do ouro.

“É preciso falar das coisas que estão acontecendo ainda que falar delas cause desconforto. É preciso que as pessoas se ergam contra todas as injustiças que estão acontecendo nos Estados Unidos e um presidente que as está piorando”, declarou Gwen Berry.
“Os recentes protestos de atletas norte-americanos durante as cerimônias dos Panamericanos, buscam chamar atenção para o racismo que há em seu país, para a agressão contra os imigrantes e a violência epidêmica com armas”, afirma o articulista Jon Quealey em matéria publicada no portal Common Dreams.
A colunista Nancy Armour, que esceve para o jornal USA Today, destacou que “a vida de uma atleta olímpico é uma vida de sacrifícios sem fim, mas abrir mão dos princípios não estão entre os sacrifícios que Gwen Berry e Race Imboden, estão dispostos a fazer”.
Armour prosseguiu dizendo que “é quase certo que eles sofrerão punições disciplinares por seus protestos, mas deixaram claro seus posicionamentos”.
Em entrevista a Nancy Armour, logo após erguer o seu punho durante a recepção da medalha de ouro, Gwen afirmou que “o que está acontecendo é muito importante para nada seja dito. Alguma coisa tem que ser dita. Se nada é dito, nada será feito, nada será consertado, nada mudará”.
O gesto do esgrimista Imboden repetiu o do jogador de futebol americano, Colin Kaepernick, em 2016. Sobre o gesto dele e a sua repetição por dezenas de atletas no mesmo ano, leia em:
A capitã da equipe norte-americana de futebol feminino, Mag Rapinoe, também desceu um joelho ao chão durante a execução do hino dos EUA, ao receber a premiação pela conquista da Copa do Mundo da modalidade.
Já o punho erguido por Gwen repete o gesto dos atletas Tommie Smith e John Carlos, que vestiram luvas negras e levantaram suas mãos em punho fechado ao receberem medalhas de ouro e bronze, respectivamente, durante os Jogos Olímpicos de 1968 na cidade do México, em homenagem ao movimento Black Panthers (Panteras Negras) em luta contra a segregação racial nos Estados Unidos.