“Infelizmente, não há nada a ser comemorado quanto ao desempenho da economia na primeira metade de 2019. O semestre terminou com a maioria dos grandes setores no vermelho: serviços caíram -1% e a indústria -0,6% em junho frente a maio, com ajuste sazonal, enquanto o varejo ampliado (que inclui as vendas de veículos e material de construção) se saiu um pouco melhor, ficando em uma estagnação (0%)”, afirma o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“Como consequência, é possível um declínio do PIB no 2º trim/19, em linha com o que sinalizou o indicador IBC-Br do Banco Central, que funciona como uma proxy do PIB: -0,13% frente a jan-mar/19, já corrigidos os efeitos sazonais. Isso levaria a economia a uma recessão técnica, caso o IBGE mantenha a o resultado de -0,2% do 1º trim/19 na série com ajuste”.
Para o Iedi, mesmo que o desempenho melhore na segunda metade do ano, “o crescimento do PIB em 2019 tende a ser ainda menor do que muitos esperavam”. O instituto se baseia nas estimativas do mercado financeiro divulgadas pelo Banco Central através do boletim Focus que aponta para uma alta em torno de 0,8% para o Produto Interno Bruto deste ano.
O Iedi destaca que o setor que teve o pior desempenho no semestre foi a indústria. A produção industrial brasileira recuou -1,6% no primeiro semestre deste ano em comparação com janeiro e junho do ano passado. Ainda que o setor extrativo, que acumulou perda de -13,7%, tenha contribuído para o resultado geral, “este fator está longe de ser o único em ação”, ressalta o Iedi. “O segmento manufatureiro ficou virtualmente estagnado (+0,2%), sendo que uma parcela significativa de quase 60% de seus ramos registrou retração”.
“Regionalmente, as quedas industriais seguiram dois eixos principais: o Nordeste (-2,6% ante 1º sem/18), que mal dava os primeiros passos de recuperação, e os estados da região Sudeste, como Minas Gerais (-5,6%), Rio de Janeiro (-2,1%) e São Paulo (-0,8%), detentor do maior e mais complexo parque industrial do país. Vale lembrar que a indústria paulista já havia ficado no vermelho na segunda metade do ano passado”.
Vale a pena analisar o texto do Michael Roberts publicado recentemente em seu blog The Next Recession: Recessions, monetary easing and fiscal stimulus.