Os sindicatos dos Delegados da Polícia Federal no Estado de São Paulo (SINDPF-SP) e dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP) repudiaram, em nota, a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central.
Segundo as entidades, a medida “é mais um duro golpe no combate a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro”. A importância do papel fiscalizador e de inteligência do órgão também é destacada pelos sindicatos, que defendem a sua autonomia.
“O presidente Jair Bolsonaro vem tentando intimidar instituições como a Receita e a Polícia Federal, que deveriam estar livres de ingerências políticas, interferindo em seus comandos e quebrando todas as promessas de endurecer o combate à corrupção”, afirma a presidente do SINDPESP, Raquel Kobashi Gallinati.
Para a presidente do SINDPF-SP e diretora regional da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) em São Paulo, Tania Prado, “é de se estranhar que um governo eleito com a bandeira do combate à corrupção adote medidas que visam enfraquecer instituições que desempenham um papel de excelência”.
A nota afirma ainda que este é “o segundo golpe que o Coaf recebeu este ano”, citando a suspensão determinada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de todos os processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados pelo Coaf sem autorização prévia do Judiciário.
“Em um momento sensível como o que vivemos hoje, com pressões e tentativas reiteradas de interferência política na atuação de órgãos fiscalizadores, essa mudança pode atrasar e atravancar investigações de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além de abrir uma brecha para indicações políticas dentro do órgão”, afirma Tania.