O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) fez críticas às declarações de Bolsonaro sobre o meio ambiente, principalmente responsabilizando as ONGs e governadores da Amazônia pelas queimadas.
“Enquanto a Amazônia arde em chamas, o governo brasileiro quer calar o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais)/MCT para que a destruição da floresta não seja revelada. O mundo precisa saber”, escreveu o deputado nas redes sociais.
Orlando também comentou as declarações do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que escamoteou o aumento do desmatamento da Amazônia. Para ele, “o Brasil é país que cuida muito bem do seu meio ambiente, não precisamos de lição de ninguém”. Onyx disse ainda que a esquerda europeia usa o meio ambiente para confrontar os “princípios capitalistas”.
“Não podemos ser ingênuos. Europeus usam questão do meio ambiente por duas razões: a primeira para confrontar os princípios capitalistas. Desde que caiu o muro de Berlim, uma das vertentes para a qual a esquerda europeia migrou foi para a questão do meio ambiente. E, segundo, impor barreiras ao crescimento e ao comércio com o Brasil, porque eles têm que proteger os produtores deles”, disse Onyx.
Para Orlando, é por causa de discursos como o de Onyx Lorenzoni que “o desmatamento na Amazônia se ampliou em mais de 80%, as queimadas se alastram consumindo áreas inteiras de florestas e invasões e assassinatos acontecem em reservas indígenas”. “O Brasil virou pária internacional. Quem não escuta cuidado, escuta coitado!”, escreveu Orlando Silva no Twitter.
“A cretinice não tem limites. O cara passa décadas a incentivar todo o tipo de barbaridades, assume o governo e diz que vai autorizar uma nova Serra Pelada na Amazônia, que vai acabar com as terras indígenas demarcadas e ainda culpa os outros pelas consequências. Dá nojo!”, afirmou o deputado.
A Frente Parlamentar Ambientalista (coordenada pelo deputado Alessandro Molon/PSB-RJ) e a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (presidida pelo deputado Rodrigo Agostinho/PSB-SP) receberam abaixo-assinado exigindo que o Congresso Nacional tome medidas para acabar com o desmatamento ilegal. Foram mais 1,1 milhão de assinaturas entregues pelos representantes da Avaaz aos parlamentares em evento na quarta-feira (21) na Câmara dos Deputados.
A disparada das queimadas e do desmatamento da Amazônia sob o governo de Bolsonaro está comovendo o mundo.
Várias entidades internacionais estão convocando protestos em frente a embaixadas e consulados brasileiros para sexta-feira (23). As manifestações estão confirmadas em Londres, Lisboa, Madri, Paris e outras capitais.
“O governo brasileiro, após exposição tardia desta catástrofe, descarta-se de culpas depois de descaradamente apoiar a caça e tudo fazer para vender a floresta aos produtores da agropecuária. Não fiquemos parados! Não deixemos esta chacina impune!”, diz a convocatória para a manifestação de Lisboa, onde os brasileiros são a maior comunidade estrangeira. Lá, as queimadas na Amazônia estampam as capas dos jornais.
Um abaixo-assinado com assinaturas de 600 cientistas europeus pede a suspensão das negociações para o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou sua preocupação pela situação da Amazônia. “Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica. No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade. A Amazônia deve ser protegida”, afirmou.
Bolsonaro enrolado, quem poderá defendê-lo?