Funcionários dos Correios se manifestaram contra o plano do governo Bolsonaro de privatização da empresa, anunciado pelo governo Bolsonaro.
Na semana passada, o governo a entrega de diversas empresas públicas ao capital privado, dentre elas a Telebrás e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios).
Em reação à medida, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (SINTECT-RJ) está organizando um abaixo assinado com a pretensão de somar forças com a Comissão Parlamentar formada para defender a manutenção dos Correios nas mãos do Estado.
“São 356 anos de serviços prestados. Os Correios empregam mais de 100 mil pessoas de forma direta e tem uma atuação importante, não só na entrega de correspondência, mas também dos livros escolares, das vacinas. Essa foi uma decisão unilateral, arbitrária, sem diálogo com a sociedade”, disse Ronaldo Martins, presidente do SINTECT -RJ.
Ele lembrou ainda que a categoria está em estado de greve até dia 31 de agosto para negociar o reajuste salarial. “Se não tiver nenhuma negociação vai ter greve em setembro”, completou.
Em Vitória (ES), os trabalhadores do Correio realizaram passeata, no domingo (25), contra a privatização da empresa. O objetivo, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Estado do Espírito Santo (SINTECT-ES), é alertar a população sobre os benefícios sociais e o patrimônio histórico representado pelos Correios.
“A ideia de que a privatização é solução não condiz com a realidade”, defende. Ele também informa que, ao longo dos próximos dias, outros atos devem ocorrer pelo Estado e, numa ação conjunta com outros sindicatos, está sendo programado um ato nacional em defesa dos Correios”, disse Antonio Braga, diretor do SINTECT-ES.
O principal argumento do governo, ou um dos principais, é de que a privatização vai ajudar a melhorar os serviços fornecidos pela empresa, diminuindo os prazos de entrega e até mesmo barateá-las.
Porém, nos poucos países em que foi decidido repassar para a iniciativa privada os serviços de postagem, os prazos permaneceram os mesmos ou com piora e o custo para envio de encomendas encareceram.
Na Alemanha, onde os serviços foram privatizados em 2005, houve aumentos significativos nos preços das postagens. Segundo reportagem de um jornal local, no início deste ano houve um aumento de preço para pacotes de até cinco quilos em 50 centavos, para 7,49 euros. (Leia aqui).
No Reino Unido, onde os serviços de postagem foram entregues à iniciativa privada em 2015, os britânicos queixam-se dos atrasos, das perdas de pacotes e dos danos que estes sofrem durante o transporte. (Royal Mail se esforça para reduzir as reclamações de clientes após a privatização).
Nos EUA, em agosto de 2018, quando Trump cogitou a hipótese de privatizar os correios, o jornal Washington Post publicou artigo em que denunciava que a privatização dos serviços iria, inevitavelmente, destruí-los. Com isso, os mais prejudicados seriam os trabalhadores e às comunidades rurais, em especial, as mais distantes.
A colunista Catrina Vanden Heuvel diz que “os correios estão na vida dos norte-americanos desde 1775, quando o Segundo Congresso Continental nomeou Benjamin Franklin como primeiro carteiro geral. Atualmente o serviço postal dos EUA é a agência mais popular do país, com uma aprovação de quase 90%. Mas agora o presidente Trump está, aparentemente, empenhado em destruí-lo”.