O irmão de Sérgio Cabral, Maurício, afirmou em depoimento ao juiz Bretas que recebeu o valor de R$ 240 mil de uma empresa de fachada chamada Survey em 2011.
O irmão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o publicitário Maurício Cabral, afirmou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro em interrogatório à Justiça Federal nesta quarta-feira (13), que recebeu o valor de R$ 240 mil de uma empresa de fachada chamada Survey em 2011, mas que nunca prestou o serviço pago. Segundo ele, o repasse foi feito por Carlos Emanuel Miranda, que assumiu ser o “gerente da propina” do ex-governador.
Maurício Cabral declarou que é amigo de Carlos Miranda desde criança, e que ele o procurou dizendo ter conseguido um cliente para sua agência de publicidade. Ele afirmou ainda ter emitido a nota fiscal de R$ 240 mil, ter recebido o dinheiro, mas que nunca foi procurado para executar o trabalho. “Eu cobrava. E o trabalho? E o trabalho? O trabalho não vinha e nunca mais apareceu”, afirmou Maurício.
Maurício e outras cinco pessoas, incluindo o ex-governador, são acusadas pelo Ministério Público Federal (MPF) de pertencerem a um esquema que lavou cerca de R$ 1,7 milhão de propina através de contratos fictícios com a empreiteira FW Engenharia. Os demais valores eram repassados através de empresas em nome de Susana Neves, ex-mulher de Cabral e de Carlos Miranda. A empreiteira, de acordo com o MP, multiplicou contratos públicos durante o governo Cabral em troca de propina. O contador da FW, Alberto Conte, também foi ouvido pela Justiça Federal, além do irmão de Cabral.
Outra empresa que segundo o MPF era de “fachada”, era a Araras Empreendimentos, de propriedade de Susana Neves. As investigações identificaram, entre outubro de 2011 e dezembro de 2013, 31 depósitos bancários da Survey em favor da Araras, totalizando o pagamento de R$ 1.266.975,00.
Miranda teve o acordo de delação premiada homologado no Supremo Tribunal Federal (STF), onde assumiu ser o “gerente da propina” de Cabral. Em seu depoimento, Miranda relatou ter movimentado mais de R$ 500 milhões para a quadrilha liderada por Sérgio Cabral. Ele disse ainda que recebia um pagamento mensal de R$ 150 mil para operar a movimentação financeira, além de bonificações nos finais de ano.