“Em defesa da vida e do direito à saúde com dignidade para o magistério”, os professores colombianos paralisaram 48 horas todo o país, nesta quarta e quinta-feira, para exigir um basta no morticínio de dirigentes populares. Passados quase três anos da assinatura do Acordo de Paz do governo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em 24 de novembro de 2016, mais de 800 lideranças foram assassinadas.
“Exigimos do governo respeito e direito à vida, assim como que proteja nossos dirigentes sindicais, sociais e o magistério colombiano. É preciso que se cumpram os acordos firmados pelas FARC com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Educação (Fecode), Nelson Alarcón, condenando o sangue inocente derramado. “Estão nos assassinando, nos exterminando, diferentes forças à margem da lei e o Estado tem a obrigação de nos defender”, acrescentou.
Reforçando o movimento, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Diógenes Oriuela, alertou para “a morte das lideranças sociais e de direitos humanos por parte de grupos ilegais e do narcotráfico” e rechaçou “as medidas econômicas empregadas pelo presidente Iván Duque contra os colombianos de baixos recursos”. Oriuela disse que o plano governamental “permite a contratação por valor abaixo do salário mínimo e elimina o sistema de seguridade social para os trabalhadores, fazendo com que perdessem seus direitos à aposentadoria, a licenças de maternidade, paternidade e de deficiência”.
CRISE SE AGRAVA
O magistério colombiano defendeu o Fundo Nacional de Benefícios Sociais “contra a ameaça de privatização” e lançou um alerta frente aos reiterados atropelos de Duque “às promoções docentes”. A Fecode denunciou o agravamento da crise também no serviço médico-assistencial e reivindicou o cumprimento de cada um dos contratos assinados, respeitando termos e prazos, garantindo a entrega no prazo dos medicamentos.
Dando continuidade às mobilizações, a Fecode convocou para os próximos dias 6, 7 e 8 de setembro a “Caravana pela vida, paz e democracia” em todos os pontos do país. Será dada atenção especial a uma zona rural do município de Santander de Quilichao, no departamento de Cauca, para repudiar a mortandade.
De acordo com entidades populares, a situação de insegurança tem se agravado naquele departamento, onde o enfrentamento do Exército com grupos armados multiplicou os mortos e colocou mais de 240 mil pessoas sem condições sequer de receber ajuda humanitária.