Pelo menos 100 prisioneiros de um centro de detenção dos rebeldes houthis do Iêmen foram mortos no domingo (1º) em ataques aéreos chefiados pela Arábia Saudita – com o apoio dos EUA – contra a cidade de Dhamar, ao sul da capital Sana, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC).
O porta-voz do Ministério da Saúde do governo rebelde iemenita, Yusuf al Haderi, afirmou à agência de notícias Efe que 170 detentos eram mantidos no local. Segundo ele, a prisão foi atingida por um mínimo de sete mísseis.
O escritório da Alta Representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia, Federica Mogherini, declarou que o ataque à prisão na cidade iemenita de Dhamar prejudica os esforços para uma saída política para o conflito e ressaltou que “as regras do direito internacional humanitário devem ser aplicadas para a proteção de civis”. E finaliza: “a UE continua apoiando fortemente as tentativas das Nações Unidas por uma solução negociada”.
Cerca de 40 sobreviventes estão sendo tratados em hospitais de Dhamar. A Cruz Vermelha afirmou que equipes de resgate estão recolhendo os corpos e “trabalhando incansavelmente para encontrar sobreviventes sob os destroços”, embora ressalvando que as chances de encontrar algum são muito pequenas.
Este não é o primeiro ataque ao centro prisional agora atingido. Em 2015, um ataque dos sauditas foi relatado no mesmo local, quando deixou pelo menos 25 prisioneiros mortos. No ano seguinte, outro bombardeio contra uma prisão houthi em Al Hudayda resultou na morte de quase 60 pessoas.
Apesar disso, a coalizão saudita que luta contra os rebeldes houthis desde março de 2015 e apoia o presidente deposto do país, Abdo Rabbo Mansour Hadi, insiste ter destruído uma instalação onde os rebeldes armazenavam drones e mísseis, o que não foi confirmado por nenhuma fonte independente.
A campanha liderada por Riad contra o Iêmen continua apesar das fortes críticas internacionais. No mês passado, cerca de 40 civis morreram e mais de 250 pessoas ficaram feridas como resultado de ataques à cidade portuária de Aden.
Segundo estimativas da ONU, mais de 70.000 pessoas já morreram neste conflito desde 2016 e a coalizão saudita tem sido denunciada por organizações humanitárias por perpetrar massacres de civis em áreas residenciais do Iêmen e de usar armas proibidas por tratados internacionais, como bombas de fragmentação.