Diante do repúdio geral, o deputado Carlos Marun (PMDB/MS) decidiu, na quarta-feira (13), retirar de seu relatório na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS o indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e de seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pelella. O relatório final havia sido apresentado no dia anterior, mas sob pressão de deputados e senadores ele recuou.
Entre os motivos alegados para a mudança no texto estão “manter a harmonia dos três Poderes”, não “cometer o mesmo erro de açodamento” de quem critica e não causar desconfiança no Ministério Público Federal. Marun informou que solicitará somente uma investigação dos dois ao MPF.
O presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB/TO), declarou que a decisão do relator foi a mais acertada, pois “faltou materialidade” aos pedidos de indiciamento.
O deputado Fernando Francischini (SD/PR) defendeu a prorrogação da CPI e questionou os resultados obtidos até o momento. “A CPMI investigou pessoas que investigaram. Não as pessoas investigadas”, disse. O senador Lasier Martins (PSD/RS), que apresentou um voto em separado, criticou a escolha de Marun como relator geral por ele ser aliado de Temer e do deputado cassado Eduardo Cunha.
“Testemunhamos aqui mais uma CPMI feita sob encomenda e com interesses políticos muito claros. Sua pauta e alguns protagonistas nem procuraram esconder isso”, disse.
A Associação Nacional dos Procuradores da República também criticou a parcialidade do colegiado. “Não ouviu nenhum dos políticos que foram indicados como participantes do esquema da JBS. Mudou o foco completamente para investigar e retaliar apenas os investigadores, mostrando que tinha a intenção meramente política de defesa do governo”, afirma nota do presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti.
“O documento não apresenta qualquer elemento probatório que aponte irregularidade no comportamento de Rodrigo Janot e de Eduardo Pelella. Os argumentos que constam no relatório baseiam-se tão somente na leitura enviesada de alguns poucos testemunhos vagos e genéricos”, diz o texto.
O relator manteve o indiciamento de procurador Marcello Miller, dos empresários Joesley e Wesley Batista, da JBS, e de Ricardo Saud, ex-diretor da empresa.