A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) usou a tribuna da Câmara, na noite da quarta-feira (11), para criticar o apoio do Brasil à resolução aprovada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) em prol da ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) frente à situação de instabilidade política na Venezuela.
A ativação do Tiar, acordo de defesa militar assinado em 1947 (conhecido como Tratado do Rio) que fornece base legal para intervenção externa, é mais um movimento do governo norte-americano de Donald Trump – em conluio com o autoproclamado presidente Juan Guaidó – na estratégia de desestabilizar o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Perpétua Almeida, que é membro titular da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, informou que vai pedir uma explicação e informações ao ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e ao ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
“Que postura é essa do Brasil de atuar contra aquilo que ele legisla, contra aquilo que ele sempre pregou?”, questionou a parlamentar.
A deputada comunista lembrou que a postura do Brasil na OEA contraria os princípios da tradição diplomática do país e das políticas de defesa nacional elaboradas pelas Forças Armadas e aprovadas pelo Congresso Nacional.
“Todas as atitudes do presidente Bolsonaro e dos seus parlamentares nesta Casa, na sua maioria, têm sido o inverso do que está na Estratégia Nacional de Defesa, no Livro Branco de Defesa Nacional e na Política Nacional de Defesa”, afirmou.
Perpétua advertiu que, a partir da ativação do Tiar, pode “acontecer, a qualquer momento, uma intervenção militar na Venezuela”. “O Brasil votou para trazer um conflito para dentro da Amazônia brasileira”, assinalou.
“Que política é essa que o nosso País está fazendo? Que política é essa? É uma política contra as nossas relações! É uma política contra a Amazônia brasileira, porque, se está na Estratégia Nacional de Defesa o cuidado que nós devemos ter contra a internacionalização da Amazônia, nós estamos atraindo um conflito para nossa fronteira, atraindo um conflito para dentro da Amazônia brasileira. Isso é burrice”, denunciou.
A resolução em prol da convocação do órgão de consulta do acordo foi apresentada pelas missões permanentes de Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela – esta última “representada” por delegados de Juan Guaidó.
O documento, aprovado por 12 votos entre os 18 possíveis, alega que a crise na Venezuela representa “uma clara ameaça à paz e a segurança” na região.
Cinco países se abstiveram, e as Bahamas não participaram da votação. Além do Brasil, votaram a favor da resolução Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Honduras, Paraguai, República Dominicana e Venezuela.
“O governo Bolsonaro, entreguista, age contra a nossa legislação e precisa ser responsabilizado por isso. Qualquer conflito na vizinhança vai sobrar para o Brasil”, disse Perpétua Almeida.
WALTER FÉLIX
Fonte: Vermelho – PCdoB na Câmara